Emergentes querem US$ 1,3 tri ao ano em financiamento climático

A maioria dos países em desenvolvimento do mundo apoiou uma demanda para que as nações ricas canalizem a eles ao menos US$ 1,3 trilhão em financiamentos climáticos por ano a partir de 2030, na abertura de um dos tópicos de negociação mais controversos da cúpula do clima COP26. 

Nações africanas e um grupo chamado Like-Minded Developing Countries (Países em Desenvolvimento com Interesses Semelhantes), que inclui China, Índia e Indonésia, disseram em um documento submetido à Organização das Nações Unidas (ONU) na cúpula que metade do dinheiro deverá ir para o financiamento de energias renováveis no mundo em desenvolvimento e a outra metade para proteger esses países dos efeitos do aquecimento global. 

As nações desenvolvidas há muito prometeram ajudar a pagar os países em desenvolvimento na resposta às mudanças climáticas. Essa promessa foi crucial para a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, quando EUA, Europa e outras nações ricas concordaram em fornecer US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 até 2025. 


A promessa de mobilização de US$ 1,3 trilhão reflete os enormes investimentos que 
serão necessários depois disso para se alcançar as metas climáticas do Acordo de .
Paris, diz o documento. “A meta de mobilização pós-2025 precisa refletir a ambição, 

a progressão e o acordo coletivo para evitar que o aumento de temperatura fique bem abaixo de 2o C e aspire permanecer dentro da meta de 1,5o C”, continua o documento. 

Os países desenvolvidos não alcançaram essa meta em 2020, ficando US$ 20 bilhões abaixo, e não deverão cumpri-la até 2023, disseram negociadores do clima em um relatório em outubro. O não cumprimento irritou os países em desenvolvimento e complicou as discussões em Glasgow. 

Autoridades ocidentais afirmam não estar prontas para estabelecer metas para os financiamentos climáticos depois de 2025, dadas as dificuldades que elas vêm encontrando para atingir a meta de US$ 100 bilhões. Elas somente começarão as discussões na COP26 com uma meta para depois de 2025. “Não estamos nos sentindo capazes no momento”, disse uma autoridade europeia. 

Delegados da China, Índia e África não responderam ontem a pedidos para comentários. A União Europeia (UE) disse que houve um bom começo para as negociações em Glasgow. “É um pouco cedo para dizer se estamos no caminho para uma COP totalmente bem-sucedida, mas os primeiros sinais parecem razoavelmente bons”, disse Jacob Werksman, o principal negociador da UE. 

Uma das prioridades para a reunião em andamento é concluir o livro de regras por trás do Acordo de Paris de 2015. As questões pendentes incluem a definição de regras para o comércio internacional de carbono, se os países devem atualizar seus planos de redução de emissão de carbono com maior frequência do que o atual ciclo de cinco anos, e as regras sobre a divulgação dessas metas. 

No começo da semana alguns negociadores disseram ter feito progressos no que o Brasil disse estar pronto para fazer concessões, após ter bloqueado qualquer acordo no passado. 

Ontem, dois grupos que incluem dezenas de países concordaram em parar de financiar novas usinas geradoras de energia movidas a carvão e projetos internacionais de exploração de gás natural e petróleo. Os dois acordos se encaixam em um padrão de pactos assinados por subconjuntos de países com ideias semelhantes que buscam na COP26 suas próprias aspirações limitadas de redução das emissões, que eles esperam possa pressionar outros países a agir mais agressivamente. 

“Esses anúncios estão elevando o padrão para todos, incluindo a Índia e a China”, disse Lauri Myllyvirta, analista-chefe do centro de estudos Centre for Research on Energy and Clean Air. “Isso provoca uma reação em cadeia.” 

Os dois acordos surgem como um acordo mais amplo apoiado pela ONU sobre compromissos específicos e vinculantes de redução das emissões que vem fugindo dos delegados até agora. 

Acabar com os financiamentos ao carvão tem sido o principal foco do governo do Reino Unido em seu papel de anfitrião das negociações sobre o clima. O governo do Reino Unido estima que o acordo poderá resultar no fechamento de 40 gigawatts de energia termelétrica por carvão, equivalente a pouco mais da metade da capacidade de geração de eletricidade do Reino Unido. 

Mas o acordo de ontem fica significativamente aquém de uma promessa global. China e Índia, os maiores consumidores de carvão do mundo, além dos EUA, não 

serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossosfazem parte do grupo de 40 membros que assinou a promessa. Enquanto isso, uma promessa separada dos EUA Reino Unido para acabar com os financiamentos públicos a investimentos internacionais em petróleo e gás incluiu cerca de 20 signatários. 

Nesse acordo, bancos apoiados pelo governo nos EUA, Canadá e Reino Unido disseram que deixarão de financiar projetos de carvão, petróleo e gás natural fora de seus territórios até o fim do ano que vem. Em vez disso, a prioridade será dada a projetos de energia limpa, segundo um comunicado emitido por 20 países e instituições. O grupo disse que atualmente investe cerca de US$ 15 bilhões por ano em financiamentos a esses projetos de combustíveis fósseis. 

Os maiores financiadores do desenvolvimento de combustíveis fósseis no exterior, incluindo Coreia do Sul, Japão e China, não participaram do acordo de petróleo e gás de ontem. A Europa ficou dividida. Portugal e o Banco Europeu de Investimentos assinaram. Itália, Alemanha e o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento não assinaram. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2021/11/05/emergentes-querem-us-13-tri-ao-ano-em-financiamento-climatico.ghtml

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