Da série: Princípios da Criação

Por Heraldo Bighetti Gonçalves

5 – História é boa e deixa o presente crescer forte e saudável.

Já que vamos falar de criação é para continuar bem, vamos contar a história de como a história toda começou. A vida surgiu na Terra só porque as condições ideais estavam lá a espera do momento certo para acontecer. No Gênesis encontraremos esta afirmação feita com outras palavras, ou melhor, metáforas. Quando Javé (esse é o nome de Deus no Velho Testamento) criou a luz e viu que faltava alguma coisa, criou o céu, as estrelas e os planetas. Povoou tudo com as plantas, animais etc. E viu que aquilo era bom. Mas faltava alguma coisa. Então ele criou o homem. E viu que aquilo era bom. Mas o homem estava só e triste. O resto a gente conhece, inclusive a parte da expulsão do Paraíso. Vamos deixar esse episódio triste para outra parte da história.
Passaremos a chamar esse contexto onde alguma coisa que está para acontecer de princípio da latência. Claro que as condições necessárias presentes não são suficientes, faltará um iluminado para dar seqüência às conseqüências. Nossa aventura está pronta para iniciar, acompanhando a presença desse princípio pela história do planeta e de uma espécie em especial: a nossa espécie.
A natureza fazia seu trabalho num ritmo paciente e vagaroso. Foram precisos milhões de anos até que um determinado tipo de hominídeo sobrevivesse entre outras tantas tentativas feitas, vindo a resultar o homo sapiens sapiens. E não foi por acaso. Essa espécie foi a única que reuniu as melhores condições para fazer frente aos desafios da sobrevivência. Mas para que isso acontecesse, alguma coisa havia mudado naqueles macacos barulhentos. A eterna equação que a Natureza vivia trabalhando Problema X Tentativas = Solução resultara em algo totalmente inesperado: uma mente mais aguçada, preparada para comparar situações e prever seu desencadeamento futuro. A Natureza criara algo que rapidamente viria a se arrepender.
Dê uma olhada em você mesmo. Pouca coisa mudou. O homem não vinha, nem vem, equipado de garras ou dentes de sabre. Pois bem, graças a um cérebro maior, com estruturas únicas entre as espécies, a inteligência superior se desenvolveu.
Mas vamos aos resultados que nossos amiguinhos peludos foram conseguindo. A grande realização da tecnologia de ponta da época, aconteceu quando um nosso ancestral afiou um pedaço de pedra e tornou-o a ponta de uma lança. Foi a solução que surgiu através da observação de um contexto, o uso da inteligência e das mãos para trabalhar os materiais a disposição. Lembre-se: manufaturar – fazer com as mãos. E assim surgiu a arte de dominar a matéria, que nós conhecemos por tecnologia. Nossos parentes distantes passaram de caça a caçadores num piscar de milênios. Dúvida? Assista 2001. Uma odisseia no espaço.

Um pouco adiante nessa caminhada evolutiva, mais uma revolução se fez quando os utensílios de caça sofreram a concorrência das novas ferramentas de arar a terra. Temos então a grande mudança que a agricultura trouxe melhorando as chances da nossa espécie no Neolítico.
Mas a verdadeira evolução que nos tornou os maiorais do pedaço de a muito se iniciara. Para sermos mais precisos, tudo começou a partir do momento que o homem pré-histórico sentiu a necessidade de relatar as coisas para seus semelhantes. Não porque ele quisesse contar vantagem de algum feito, algo assim como o tamanho do celacanto que pescara. Mas sim por que ele tinha uma necessidade latente que talvez seja igual à que leva uma tartaruga ir até uma determinada praia para desovar, ou ao pássaro que voa milhares de quilômetros sem se perder. Para todos os outros animais, estamos acostumados a chamar essa função de instinto. Nos humanos vamos nominar de capacidade de comunicação, o nosso grande diferencial competitivo. Falar é um equipamento original de fábrica que só veio instalado nos modelos sapiens.
A partir do momento que passou a existir a possibilidade da passagem do conhecimento adquirido para seus semelhantes, a cultura aconteceu no reino dos hominídeos. Daí em diante, o princípio da latência começou a trabalhar cada vez mais rápido a favor daqueles mamíferos que ousaram ficar eretos e, como conseqüência, no futuro ganhar alguns problemas na coluna vertebral.

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