Com nova doutrina, Xi consolida poder em Pequim

O presidente da China, Xi Jinping, deverá apresentar a primeira resolução da história do Partido Comunista em 40 anos, o que lhe dará poderes a potencialmente governar de modo vitalício, durante o encerramento de uma grande reunião de cúpula em Pequim. 

O documento histórico que poderá mudar o curso da China deverá ser anunciado em comunicado hoje, quando o partido encerra uma reunião de quatro dias. Apenas Mao Tsé-tung e Deng Xiaoping conceberam o que é conhecido como resolução histórica, e ambos usaram as teses que defenderam para dominar a política partidária até morrerem. 

O poderoso Comitê Central do partido está acomodado em um hotel militar em Pequim desde segunda-feira, para a grande reunião final antes do congresso da liderança, agendado para o fim do ano que vem, quando Xi vai tentar garantir um terceiro mandato, até agora um feito sem precedentes. 

Conseguir que esse grupo de 400 membros das elites políticas, entre os quais dirigentes do governo, chefes militares, líderes provinciais e acadêmicos destacados endossem seu ponto de vista sobre o passado e o futuro do partido emitirá um sinal robusto de que Xi tem a base de poder para permanecer no cargo. 

O evento desta semana – a atual sexta sessão plena do Comitê Central, ou “plenum” – é uma das sete reuniões de cúpula relevantes do ciclo político chinês, de cinco anos, e é encarado como o mais importante. Representa a última chance para o toma-lá- dá-cá antes do congresso da liderança de 2022. 

A doutrina de Mao, publicada em 1945, focava no descarte de inimigos políticos e na afirmação de que apenas ele dominava a “linha política correta” para liderar o partido, quatro anos antes da fundação da República Popular. O documento de Deng tecia uma narrativa mais complicada que condenava o caos da Revolução Cultural de Mao sem desacreditá-la totalmente, e que ajudou a preparar seu próprio caminho para o poder. 

“Nos dois casos, os vencedores, Mao e Deng Xiaoping, usaram as reuniões e resoluções do Comitê Central para ressaltar a derrota dos oponentes políticos e o próprio poder proeminente”, avaliou o ex-diplomata Charles Parton, professor associado da James Cook em Geopolítica do Indo-Pacífico. 

Xi tem poucos adversários políticos para descartar. Uma vasta campanha anticorrupção removeu rivais ao longo da última década, o que significa que ninguém no Comitê Permanente, o principal órgão de tomada de decisões do país, tem idade ou experiência suficientes para ser um sucessor. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2021/11/11/com-nova-doutrina-xi-consolida-poder-em-pequim.ghtml

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