Ásia e UE temem política comercial mais agressiva

Frustrado com a vitória democrata na Câmara dos Deputados, o presidente Donald Trump pode dobrar sua aposta numa política externa turbulenta, em especial no comércio, avaliam políticos e diplomatas na Europa. Já na Ásia, a avaliação é que o fato de seu partido Republicano ter ampliado sua maioria no Senado mostra que Trump continua popular, o que lhe permitirá a manter e, até mesmo, intensificar sua postura linha dura contra a China.
A eleição legislativa deste ano nos EUA era vista como um plebiscito sobre a Presidência de Trump e foi acompanhada de perto em todo o mundo.
Contudo, a capacidade de Trump determinar a agenda de política externa dos EUA permanece em grande medida intacta. Embora os democratas possam pressionar por uma abordagem mais dura em relação a Arábia Saudita e a Rússia, é pouco provável que alterem os principais itens de sua agenda: o conflito comercial com a China e a postura linha dura com o Irã.
“Os formidáveis poderes executivos do presidente, em especial em política externa, permanecem intocados”, disse Norbert Roettgen, presidente da comissão de relações exteriores do Parlamento alemão, à rádio Deutschlandfunk. “Precisamos nos preparar para a possibilidade da derrota de Trump [na Câmara] incendiar ele, dele intensificar a polarização, a agressividade que vimos durante a campanha.”
“O risco é que Trump fique mais agressivo em relação a sua postura com a China”, disse Sue Trinh, estrategista da RBC Capital Markets, em Hong Kong, acrescentando que o presidente tem apoio bipartidário na questão comercial.
Embora poucos políticos europeus digam isso abertamente, a esperança em Berlim, Paris e Bruxelas era que os eleitores americanos repudiassem claramente Trump nesta eleição votando contra os republicanos.
Apesar da Europa ter saudado a vitória democrata na Câmara, o resultado ficou bem abaixo da “onda azul” que muitos esperavam. Roettgen disse que via o resultado como uma “normalização” de Trump e a confirmação de ele teve sucesso em assumir o controle do partido Republicano.
“Trump acredita profundamente que a Europa e, especialmente a Alemanha, se aproveitam dos EUA”, disse Jeremy Shapiro, ex-subsecretário de Estado americano e diretor de pesquisa do European Council on Foreign Relations. “Acredito que, se ele [Trump] tiver problemas políticos em casa, ele vai buscar novos confrontos.”

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