Argentina oficializa calote em credores locais

A Argentina publicou um decreto ontem pelo qual posterga o pagamento de até US$ 10 bilhões da dívida em dólar emitida sob legislação nacional para 2021. A medida, que na prática significa um default técnico, dada a decisão unilateral do governo, foi recebida com surpresa por credores locais e acendeu alerta nos detentores de bônus de dívida, emitida sob lei estrangeira. 

Segundo o decreto publicado ontem no Boletim Oficial, “a deterioração da situação econômica e social, fruto da emergência sanitária, se adiciona à iminência dos próximos vencimentos dos serviços da divida publica”. Nas últimas semanas, tanto o presidente Alberto Fernández quanto o ministro da Economia, Martín Guzmán, vinham dizendo que as negociações para restruturar a dívida ficaram em segundo plano frente à epidemia do coronavírus. 

Os principais vencimentos do serviço da dívida em dólares com credores argentinos seriam em 7 de maio, quando venceriam US$ 1,4 bilhão em principal e juros, e outubro, quando o governo teria de pagar cerca de US$ 2,6 bilhões. 

“Se a Argentina não avançar em sua negociação para restruturar a dívida, terá de usar o que resta de reservas internacionais (US$ 43,6 bilhões) ou entrará em default total”, diz o analista financeiro Christian Buteler. “É difícil imaginar que a situação estará melhor em um futuro próximo. Postergar essa negociação com credores é um grave erro.” 

O decreto levou a agência classificadora Fitch a rebaixar a Argentina de CC (risco de restruturação ou default) para “default restrito” 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/04/07/argentina-oficializa-calote-em-credores-locais.ghtml

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