A proteção aumentou. E muito. O WhatsApp, aplicativo do Facebook, aderiu aos esforços da Apple de se opor aos esforços do governo americano para obter acesso a mensagens dos usuários de celulares mediante a implementação de vigorosas proteções criptográficas. Estas impedirão as agências policiais de espionar mais de 1 bilhão de usuários do WhatsApp, como mostrou matéria do Financial Times, assinada por Hannah Kuchler, publicada no Valor de 6/04, pg B 8.
A Open Whisper Systems, que somou seus esforços ao WhatsApp para melhor garantir a impenetrabilidade do aplicativo, anunciou ter concluído a implantação da “criptografia vigorosa”, e que quando os usuários atualizarem o aplicativo, eles serão notificados de que todas as suas conversas são protegidos por criptografia “ponta-a-ponta”. O usuários no Brasil receberam esta comunicação ontem.
O WhatsApp expandiu sua criptografia “ponta-a-ponta” depois que, por pouco, a Apple evitou um confronto legal com o FBI, a Polícia Federal dos Estados Unidos. A Apple recusou-se a ajudar o FBI a acessar um iPhone pertencente a Syed Farook, que com sua mulher perpetraram os ataques em San Bernardino no ano passado, matando 14 pessoas. [O FBI desistiu de levar a Apple à Justiça na semana passada, dizendo que uma terceira parte havia providenciado um método de acessar o celular do terrorista.]
Assim como o software de mensagens do iPhone, o WhatsApp não terá chaves de código de acesso a comunicações privadas dos usuários (mensagens, fotos ou ligações telefônicas entre dois usuários ou entre um grupo deles). Por isso não poderá dar acesso a agências governamentais mesmo que estas tenham mandado judicial.
Agências policiais têm alertado que métodos criptográficos poderão dificultar o trabalho de rastrear terroristas e criminosos. As empresas de tecnologia dizem que algoritmos criptográficos menos eficazes facilitariam, para os criminosos, atacar seus clientes.
Jan Koum, cofundador do WhatsApp, disse que proteger as comunicações privadas são um valor essencial para o WhatsApp, em parte devido à sua própria experiência pessoal de ter vivido sua juventude na União Soviética.
A Apple tem sido a principal defensora do direito de proteger os consumidores contra a espionagem governamental.
Facebook foi uma das várias empresas de tecnologia que deram apoio à Apple quando esta se opôs ao governo. Entretanto, nenhum dos outros aplicativos do Facebook tem o mesmo alto nível de criptografia que o WhatsApp.