Não era possível esperar mais. O presidente Barack Obama ficou, de verdade, sem escolha: ele precisava renovar suas promessas aos dois lados, tanto a palestinos como para israelenses. Diplomacia é sempre a arte de achar o ponto certo nas ofertas para resolver situações difíceis. Porém, o Oriente Médio, com todas as suas tensões, o que inclui a desintegração do Estado na Síria e as ameaças nucleares do Irã, é área complicada demais até para fazer simples promessas.
Quatro anos atrás, o presidente Obama, no Cairo, capital do Egito, prometeu aos árabes “um novo começo” nas relações com os Estados Unidos, Este discursos do Cairo foi saudado como histórico, por ter anunciado uma nova era, tanto de laços políticos e culturais renovados, como, principalmente por dar mais atenção ao conflito árabe-israelense. Os fatos posteriores não deram razão a tanta esperança. O conflito com os palestinos se agravou e Israel levou a frente a política de “novos assentamentos”na Cisjordânia – construção de casas por colonos israelenses em terras que foram ocupadas militarmente desde a Guerra de 1967 – que irrita os palestinos e impede até mesmo a abertura de negociações de paz. Os EUA criticam, tanto governos republicano como democrata, a política de novos assentamentos.
No segundo dia da visita ao Oriente Médio, como divulgaram todas as agências de notícias internacionais, o presidente Obama encontrou-se em Ramallah com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e declarou: “o povo palestino merece o fim da ocupação”. Logo depois, Obama foi à Jerusalém para apelar ao estado israelense que retome o processo de paz e faça “concessões” para que o conflito diminua: “uma solução de dois estados ainda é possível” insistiu o presidente americano.
Os Estados Unidos têm um imenso capital político na região. Na véspera da chegada de Obama palestinos marcharam pelas ruas da sua capital, Ramallah, gritando slogans antiamericanos na direção do local em que o presidente faria seu discurso. O quadro permanece tenso e o presidente Obama, por exemplo, não visitará a Faixa de Gaza, área controlada não pelo presidente Abbas, mas pelo movimento Hamas. Os israelenses, por sua vez, não estão satisfeitos com o que consideram um apoio americano insuficiente para sua posição.
A Casa Branca destacou que o presidente Obama está na região do Oriente Médio “para ouvir”. Os palestinos duvidam que esta mensagem é para eles, porque o presidente passará apenas 4 horas das 50 que estará na região na Cisjordânica. A imprensa israelense reconheceu que a visita é uma tentativa da diplomacia americana de “aplacar as tensões” entre o primeiro ministro israelense Binyamin Netanyhu e a liderança democrática nos EUA. Nesse processo os palestinos interferem muito pouco. Sobrou para muitos analistas a sensação de que a paz no Oriente Médio permanece só uma promessa.