Tudo parecia bem conhecido, típico lançamento clássico de produto de tecnologia: um salão lotado de fãs, um telão com belas fotos de smartphones, e um homem de roupa escura.
Tim Cook, da Apple, provavelmente falaria sobre a estética do novo iPhone, e Lei Jun, o fundador da Xiaomi, enumeraria núcleos do processador do seu smartphone. Tudo errado.
Mas o homem que ocupava o palco, Luo Yonghao, da start-up chinesa Smartisan, preferiu animar a plateia com um monólogo de humor, como mostrou matéria do the New York Times, assinada por Paul Mozur, publicada na Folha de 22/03.
“Quanto ao que vou dizer, para ser franco, não entendo o que significa, mesmo que eu seja presidente de uma fabricante de celulares”, ele brincou. A plateia riu.
Luo é uma personalidade de internet conhecida na China. Um vídeo da sua apresentação teve sete milhões de visitas no site chinês Youku.
Para concorrer com gigantes já estabelecidos, empresas como a Smartisan e a Meizu usam a mídia social, a fama de seus fundadores e praticamente qualquer truque de internet para ganhar atenção.
Para Luo, que tem 10,6 milhões de seguidores na rede social chinesa Weibo, cada post é um anúncio.
Copiando a Xiaomi, a Smartisan também usa comentários dos usuários de seus aparelhos nos fóruns oficiais da empresa e os encoraja a falar sobre seus produtos. “A grande mudança é a maneira pela qual elas estão criando engajamento da parte de seus clientes. Toda essa interação na mídia social é o que constrói uma feroz lealdade de marca”, diz Bryan Ma, analista de marketing.
Luo faz parte da nova geração de empresas iniciantes chinesas, que está surgindo sob a luz de um novo mercado jovem, para quem vendem não só um aparelho, mas uma identidade.
“Nos velhos dias, todo mundo queria produtos de marca e bens de luxo. Mas pessoas nascidas nos anos 80 e especialmente nos 90 têm um novo desejo. Querem um produto que as defina, que fale com elas”, diz Ruby Lu, do grupo de capital DCM.
O modelo de negócios da Smartisan empresta alguns aspectos do adotado pela gigante Xiaomi, mas a empresa, bem como outras start-ups chinesas de smartphones, apostam no mercado de baixo custo.
“Acredito que, pelo menos no segmento de baixo custo, os fabricantes chineses de smartphones dominarão o mundo”, escreveu Luo.