Universo não foi criado com “varinha mágica”

Papa Francisco apenas reafirmou: teoria da evolução e Big Bang não contradizem intervenção divina. Ao criar o Universo, “Deus não agiu como um mago, usando uma varinha mágica para fazer tudo”, declarou o papa Francisco, afirmando que o Big Bang e a evolução das espécies foram instrumentos do Criador para permitir que o Cosmos e o ser humano atingissem suas potencialidades.

Papa Francisco abordou esses temas, que ainda dividem religiosos e cientistas mundo afora, em um discurso para os membros da Pontifícia Academia de Ciências, órgão do Vaticano que reúne 80 cientistas de prestígio nomeados pelo papa, como mostrou a Folha na edição de 29/10.

A teoria da evolução afirma que todos os seres vivos atuais descendem de um ancestral comum, e que o principal mecanismo responsável pelo surgimento das características desses seres é a seleção natural.

Já o Big Bang é uma explosão primordial que deu origem ao Universo. Não é a primeira vez que a igreja aceita a validade destes pilares da ciência.

A academia inclui vários ganhadores do Prêmio Nobel e dois brasileiros, o neurocientista Miguel Nicolelis e o físico Vanderlei Bagnato. Ela tem liberdade para debater temas científicos sem intervenção da Igreja.

“Deus deu autonomia aos seres do Universo, ao mesmo tempo em que lhes assegurou sua presença contínua”, declarou o pontífice argentino.

“Ele os criou e deixou que se desenvolvessem de acordo com as leis internas que estabeleceu para cada um deles. O Big Bang, que hoje se coloca como origem do mundo, não contradiz a intervenção criadora divina, mas a exige. A evolução, na natureza, não contrasta com a noção de criação, porque a evolução pressupõe a criação dos seres que passam a evoluir”, afirmou Francisco.

O discurso para os membros da academia aconteceu depois que o papa inaugurou um busto de seu antecessor, Bento XVI, que renunciou no ano passado, louvando-o como um defensor do diálogo entre ciência e fé.

O tema da reunião atual da academia pontifícia é justamente a evolução do conceito de natureza, da visão estática que predominava na Antiguidade à visão dinâmica, em constante mutação, trazida pela ciência moderna.

Papa Francisco aproveitou também para advertir os cientistas sobre o potencial da natureza humana para o bem e para o mal, que permite ao homem tanto proteger a evolução da criação divina como destruí-la, segundo o papa.

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