A uma semana da eleição, o candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump, aparece à frente de sua rival democrata, Hillary Clinton, em uma nova pesquisa divulgada nesta terça (1º). É a primeira vez desde maio que Trump supera Hillary na pesquisa nacional encomendada pelo jornal “The Washigton Post” e pela rede ABC.
Embora a diferença seja de apenas um ponto percentual (46% a 45%) e esteja na margem de erro, reforça a tendência dos últimos dias, que mostra o acirramento da disputa. Uma semana antes, a mesma sondagem dava 12 pontos de vantagem para Hillary, como mostrou material da Folha de São Paulo, assinada por Marcelo Ninio, publicada em 2/11.
Segundo o “Post”, o resultado teve pouca influência do anúncio do FBI (polícia federal americana) na sexta, de que voltou a investigar o uso de um servidor privado de e-mail por Hillary quando ela era secretária de Estado. Mas revela mais energia entre os seguidores de Trump: 53% se dizem “muito entusiasmados” com ele, contra 43% para os eleitores de Hillary.
Apesar dos alertas de analistas de que uma só pesquisa não deve servir de parâmetro, a sondagem piorou o humor nos mercados. O “risco Trump” contribuiu para a quedas nas bolsas dos EUA e da Europa e do dólar frente ao franco suíço e ao euro, entre outras moedas. Uma possível vitória de Trump é vista como sinal de incerteza e volatilidade pelos mercados, por sua retórica populista.
No Brasil, o Ibovespa recuou 2,46%, maior baixa desde 13 de setembro. O dólar comercial acelerou os ganhos após a divulgação da pesquisa nos EUA e fechou em alta de 1,63%, a maior em quase um mês, a R$ 3,2410. Outro fator que contribuiu para os resultados foi a expectativa em relação a uma possível sinalização sobre o aumento dos juros nos EUA, na reunião desta quarta (2) do Fed (banco central).
A ascensão de Trump nacionalmente, enquanto as pesquisas indicam que ele continua atrás de Hillary na soma dos Estados, trouxe ao debate a possibilidade de ele vencer na votação popular e ainda assim não se tornar o presidente. Algo que só ocorreu quatro vezes na história, a última delas em 2000.
Nesse sistema eleitoral, resultados por Estado pesam mais que o total nacional. São eles que definem a composição do colégio eleitoral, responsável por escolher o presidente. Para chegar à Presidência é preciso um mínimo de 270 dos 538 votos do colégio eleitoral e a maioria das pesquisas coloca Hillary mais perto do número necessário.