O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou seis resoluções que desidratam a política criada por Barack Obama para combater o aquecimento global. A ação de Trump tem como principal alvo um plano que limitava a emissão de gases estufas por usinas de carvão.
Alegando com isso fortalecer a produção de energia e criar empregos, o presidente mina o principal esforço dos EUA para que o país alcance as metas com as quais se comprometeu no Acordo de Paris. “Recolocaremos os mineradores no trabalho. Comigo chega ao fim a guerra ao carvão”, disse o presidente. Trump também afirmou que os EUA terão “ar limpo e água limpa”, mas não explicou como perseguirá isso.
Além da revisão do Plano de Energia Limpa de Obama, os decretos de Trump acabam com uma moratória sobre a mineração de carvão em território norte-americano e obrigam as agências federais do país a “identificar todas as regulações, regras e políticas que servem de obstáculo à indústria de energia dos EUA”. Uma ordem executiva retira menções ao “custo social” de gases do efeito estufa de políticas ambientais. Outra revê regulações de exploração de gás de xisto, como mostrou matéria assinada por Fernando Cymbaluk, publicada no portal UOL de 28/03
Com decretos abrangentes que reduzem a regulação ambiental para ressuscitar as indústrias de carvão, petróleo e gás, Trump começa a cumprir promessa reiterada por ele durante a campanha presidencial. Em seus discursos como candidato, bradava contra políticas de proteção ambiental, que para ele tiravam empregos de trabalhadores, e atacava os alertas feitos por especialistas sobre as mudanças climáticas provocadas pela ação humana — a que chamava de “mentira inventada pelos chineses”.
Cientistas têm reagido a iniciativas de Trump que colocam em xeque os esforços norte-americanos de proteção ambiental. A revista científica Nature afirma hoje em editorial que as medidas do presidente são ruins “tanto para a economia dos EUA quanto para o meio ambiente”. Para a Nature, “será difícil para a administração de Trump impor essa agenda para outros países”.
As novas políticas podem não ter efeito imediato, principalmente se houver contestações nos tribunais por parte de Estados, cidades e empresas que já adotavam medidas de redução de emissões, além de grupos de ambientalistas, advogados e consumidores.