Trabalho, não transferência de renda, explica padrão de vida da nova classe média

Afinal, porque a “nova classe média” subiu na vida? A resposta está no estudo do IPEA, da Confederação Nacional da Indústria e do Instituto Data Popular mostrando que a ascensão destes recém chegados ao conceito de classe média se deu basicamente me função do trabalho e não das transferências de renda ou transição demográfica.

Os dados da pesquisa apontam que entre 2001 e 2011 ocorreu um aumento de 33% na renda per capita nesta camada social e de 8% na População Economicamente Ativa. E de 22%, neste mesmo período, na renda do trabalho por adulto. A fatia da população definida como nova classe média é a que vive com renda familiar mensal per capita entre R$ 291 e R$ 1.019.

O principal motivo para a nova classe média ter padrão de vida melhor foi, sem dúvida, a formalização do trabalho, o clássico emprego com carteira assinada. Em termos médios, como identificou o estudo “Vozes da Nova Classe Média”, a renda do trabalho em 2011 era 40% maior do que a alcançada dez anos antes, em 2001.

Nesses dez anos, o número dos postos de trabalho aumentou de 76 milhões para 92 milhões. Nesse período, a PEA aumentou de 123 milhões para 146 milhões de pessoas no Brasil. Nesses mesmos dez anos, o emprego no setor público passou de 8 milhões para 11 milhões – um aumento de 2,8% ao anos. Já no setor privado, o aumento foi de 33 milhões para 45 milhões, média de 3,3 % ao ano de crescimento.

Um aspecto importante que pesou na melhoria de renda foi o aumento da escolaridade. Entre 2001 e 2011 a média de escolaridade aumentou de 6,7 anos de estudo para 8,5 anos, uma expansão de 27%. O estudo apontou que é preciso avançar mais neste ponto, porque esta média de escolaridade significa apenas o fundamental completo.

Há novos desafios para esta camada social como o de aumentar a estabilidade nos postos de trabalho. A pesquisa mostrou que em 2011 a taxa de rotatividade é de 57%  ao ano entre os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos. Isto significa que mais da metade dos trabalhadores com este nível de renda troca de emprego todo ano. Os responsáveis pelo estudo insistem que a alta rotatividade causa aumento de gastos públicos, pelo aumento de benefícios no seguro-desemprego, como inibe investimentos em maior conhecimento por parte dos profissionais.

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