Subida no preço global dos alimentos preocupa a ONU.

O preço da comida tem uma histórica relação com mudanças na sociedade. Ontem, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou relatório com dois avisos. Primeiro, o preço médio dos alimentos no mundo subiu 6% em julho, em relação a junho. Depois, com as altas sucessivas dos últimos meses, o preço da comida já está “muito perto do pico de fevereiro de 2008”, quando ocorreram as chamadas “revoltas da fome”, as manifestações violentas em países como Burkina Faso, Senegal, Mauritânia, Haiti ou Filipinas. Sem esquecer a mais importante delas, a do Egito, que derrubou o governo Mubarak.
O índice da FAO, que mede o preço médio dos produtos agrícolas que compõem uma espécie de “casta básica” mundial, atingiu 213 pontos em julho, 12 pontos a mais do que no mês anterior.O motivo da alta é uma série de conjunturas climáticas que ocorreram juntas, desde a seca nos Estados Unidos, chuvas irregulares no Brasil ou o atraso nas monções, fenômeno natural que provoca grandes inundações na Índia. Em fevereiro de 2008, o índice FAO, por razões semelhantes de mudanças climáticas atingiu 219 pontos.
Desta vez, o que mais pesou foi a subida dos preços dos cereais e do açúcar. A quebra parcial da colheita de milho nos Estados Unidos fez este produto subir 23% só em julho, sempre em relação ao mês anterior. O trigo sofreu forte alta para um único mês, 14%, explicado por problemas de safra na Rússia. O açúcar subiu 12% em pouco mais de dez dias no início de julho devido a chuvas intensas no Brasil, na área agrícola do produto. Como o Brasil é o primeiro exportador de açúcar mundial a reação dos preços foi imediata.
A alta do preço dos cereais é a que mais preocupa a FAO. O índice dos cereais é o mais importante dentro do “índice FAO” já está em 260 pontos. O relatório do órgão da ONU foi bem claro no seu alerta: este índice está “somente 14 pontos amenos do que o recorde absoluto de 274 pontos registrado em abril de 2008”.
Os governos dos países pobres sabem bem o que significam as “revoltas da fome”. A ONU também sabe. E, por essa razão pede cautela na subida dos preços da comida.

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