A três dias da estreia nos EUA do filme “Snowden”, do diretor Oliver Stone, o próprio Edward Snowden, ex-colaborador da NSA (Agência de Segurança Nacional), que revelou, em 2013, o amplo esquema de espionagem do governo americano, pediu ao presidente Barack Obama que lhe conceda o perdão.
Snowden está asilado na Rússia há três anos, após ter vazado milhares de documentos que trouxeram à tona o sistema de vigilância mundial americano. Nos EUA, que querem sua extradição, ele foi acusado de furto de propriedade do governo e de revelar informações secretas de defesa nacional e de inteligência, como mostrou matéria da Folha de S. Pulo de 14/09
Em entrevista ao britânico “The Guardian”, nesta terça-feira (13), por videoconferência a partir de Moscou, ele disse que o vazamento não só foi moralmente correto como também foi para o bem dos cidadãos.
“Se não fosse por esta divulgação, por essas revelações, estaríamos pior”, declarou. “Sim, há leis que dizem uma coisa, mas para isso existe o poder do perdão, para coisas que parecem ilegais no papel, mas que, quando examinadas do ponto de vista moral, da ética, quando vemos o resultados, parece que eram necessárias.”
A ideia de Snowden é que o presidente o conceda o perdão antes de deixar o posto, em janeiro. Em 2014, no entanto, Obama já havia dito que “a forma sensacional como as informações foram reveladas causaram mais mal do que bem”.
O americano de 33 anos alegou que conta com muitos apoios, porque “o público se preocupa com esses temas muito mais que havia antecipado”.
Snowden, cuja permissão de residência na Rússia vence no próximo ano e que nas últimas semanas tem criticado seu anfitrião, o presidente russo Vladimir Putin, disse que está preparado para passar um tempo na prisão. Sua pena pode chegar a 30 anos.
“Estou disposto a fazer muitos sacrifícios pelo meu país”, afirmou.
Em 2015, a Casa Branca rejeitou um pedido assinado por 150 mil pessoas para que perdoasse Snowden.
O filme de Stone, no qual o ex-técnico da NSA será interpretado pelo ator Joseph Gordon-Levitt, estreia nesta sexta-feira (16) nos EUA. A reaparição de Snowden vem em bom momento para o longa –e é possível que o filme também ajude a criar um clima favorável ao ex-colaborador da agência entre os americanos.