Senadores republicanos fazem crítica feroz a Trump

Dois senadores republicanos atacaram ferozmente o presidente Donald Trump ontem, acusando seu colega republicano de debilitar a política americana e os EUA no exterior, numa extraordinária crítica pública a um presidente no exercício do cargo.
A agressiva investida de Jeff Flake e Bob Corker marca uma acentuada intensificação das tensões no relacionamento entre o presidente e os republicanos do Congresso, enquanto Trump tenta avançar com sua agenda política, como mostrou matéria da Reuters, assinada por Amanda Becker e Richard Cowan, publicada no Valor de 25/10.
Em discurso dramático no plenário do Senado, Flake atacou seguidamente o estilo de governo de Trump, dizendo que a política dos EUA foi contaminada pelo comportamento “irresponsável, absurdo e indigno” da Casa Branca.
“O instinto de encontrar bodes expiatórios e de menosprezar [os outros] ameaça nos transformar em pessoas temerosas e retrógradas”, disse Flake, que anunciou que não se candidatará à reeleição no ano que vem. “Não serei cúmplice nem permanecerei em silêncio”, afirmou o senador do Arizona.
Ao anunciar que deixará a política ao término do seu mandato, no início de 2019, Flake efetivamente libertou-se para falar o que realmente pensa, sem se preocupar com as reações dos eleitores.
O senador Bob Corker, que já havia anunciado que também não disputará a reeleição, chamou Trump de mentiroso, que prejudicou o status do país no mundo, expondo o presidente com comentários que provocaram divisões profundas no Partido Republicano.
“O presidente tem grande dificuldade [em lidar] com a verdade”, disse Corker à rede de TV CNN.
A revolta dos dois senadores, que poderá complicar os esforços de Trump no sentido de viabilizar suas prioridades políticas, acontece exatamente quando o presidente procura estabelecer um consenso em torno de sua proposta de cortes de impostos. Os republicanos controlam ambas as câmaras do Congresso, mas têm uma maioria de apenas 52 contra 48 num Senado de 100 cadeiras.
Nos últimos meses, Trump criticou os republicanos do Senado – como grupo e alguns pelo nome – depois que eles não conseguiram obter os votos necessários para revogar e substituir a lei de saúde de 2010 conhecida como Obamacare, uma das suas principais promessas da campanha presidencial.
O dólar perdeu terreno com a notícia de que Flake não disputará a reeleição porque isso intensificou as preocupações dos investidores com o destino da reforma tributária, que era amplamente vista como um potencial impulso às empresas americanas. O dólar recuperou-se após uma notícia divulgada pela agência Bloomberg segundo a qual, em almoço reservado, Trump perguntou aos senadores quem eles apoiariam para ser o próximo presidente do Fed. Segundo a Bloomberg, um senador disse que John Taylor, visto como um falcão anti-inflacionário, teve a maioria dos votos.
Trump também provocou a ira de outro respeitado republicano, o veterano senador John McCain, ao zombar de seu histórico de combatente militar.
Na semana passada, o ex-presidente republicano George W. Bush, que manteve discrição desde que deixou o cargo, em 2009, disparou uma critica mal disfarçada contra Trump num discurso em que criticou o “bullying e preconceito” na política e denunciou o sentimento anti-imigrantes.

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