A Polônia e a Bulgária disseram que a Rússia está cortando o fornecimento de gás para os dois países da Otan, nas primeiras ações desse tipo no contexto da guerra da Ucrânia. As duas nações recusaram as exigências do Kremlin de que o pagamento pelo gás fosse feito em rublos e indicaram que não sofrerão escassez.
Os governos dos dois países europeus disseram nesta terça-feira que foram informados pela gigante de energia russa Gazprom de que o fornecimento de gás seria interrompido. Segundo a empresa estatal de gás da Polônia, PGNiG, as entregas pelo gasoduto Yamal-Europa seriam interrompidas na quarta-feira, 27. O Ministério da Economia da Bulgária emitiu comunicado semelhante.
Os dois países, também membros da União Europeia, garantiram que não haverá desabastecimento, pois se prepararam para obter o gás que faltava de outras fontes.
Decisão é conhecida no mesmo dia em que a Alemanha anunciou que vai enviar tanques de defesa aérea para Kiev pela primeira vez na guerra, mostrando uma mudança na política anterior de não enviar ajuda militar pesada.
A estação de bombeamento de gás da Gazprom perto da vila de Pisarevskaya, a cerca de 280 km da cidade de Voronezh, no centro da Rússia, em imagem de 16 de dezembro de 2005 Foto: REUTERS/Viktor Korotayev
A Polônia tem sido uma forte apoiadora da vizinha Ucrânia durante a invasão russa. É um ponto de trânsito para armas que os Estados Unidos e outras nações ocidentais forneceram aos ucranianos.
O governo polonês confirmou esta semana que estava enviando tanques para o Exército de Kiev. Na terça-feira, anunciou uma lista de sanções visando 50 oligarcas e empresas russas, incluindo a Gazprom.
A Europa importa grandes quantidades de gás natural russo para aquecer residências, gerar eletricidade e abastecer a indústria de combustível. As importações continuaram apesar da guerra na Ucrânia.
Cerca de 60% das importações são pagas em euros e o restante em dólares. O presidente russo, Vladimir Putin, disse no mês passado que, daqui para frente, os compradores estrangeiros “hostis” teriam de pagar a estatal Gazprom em rublos.
A demanda de Putin aparentemente pretendia ajudar a reforçar a moeda russa em meio à guerra na Ucrânia. Líderes europeus disseram que não cumpririam, argumentando que a exigência de rublos violava os termos dos contratos e suas sanções contra a Rússia.
O gasoduto Yamal transporta gás natural da Rússia para Polônia e Alemanha, através da Belarus.
Independência
A Polônia tem recebido anualmente cerca de 9 bilhões de metros cúbicos de gás russo. A empresa de gás da Polônia PGNiG disse que a exigência da Rússia de ser paga em rublos representava uma violação do contrato da Yamal.
Os fluxogramas publicados no site da Rede Europeia de Operadores de Sistemas de Transmissão de Gás mostraram quedas drásticas de fluxos de gás nos pontos de entrada em Kondratki, uma cidade no leste da Polônia, e Vysokaye, na Belarus.
A agência de notícias russa Tass citou a Gazprom dizendo que a Polônia deve pagar por seus fornecimentos de gás sob um novo procedimento.
Já era esperado que a Polônia tivesse seu fornecimento de gás interrompido pela Rússia. A ministra polonesa do Clima, Anna Moskwa, enfatizou que a Polônia estava preparada para tal situação depois de trabalhar durante anos para reduzir sua dependência de fontes de energia russas.