Rússia recorre à China para substituir itens ocidentais

Automóveis, aparelhos de TV e smartphones chineses estão substituindo produtos importados da Alemanha e da Coreia do Sul na Rússia, que teve seu mercado reformulado por sanções e pelo êxodo de marcas após a invasão da Ucrânia ordenada pelo presidente russo, Vladimir Putin.

O resultado está subvertendo o comércio, com a Rússia pretendendo se proteger de novos transtornos na área de abastecimento, comprando produtos de países que não aderiram às sanções impostas pelos EUA e seus aliados

Além disso, Moscou está reescrevendo regras de modo a permitir que seu fundo de investimentos soberano aplique nas moedas de China, Índia e Turquia, após as sanções terem barrado compras de euros e dólares.

“Fora automóveis chineses, não há absolutamente nada”, disse Vladimir, um executivo do setor de metais que comprou um novo utilitário esportivo Tiggo, da Chery Automobile, em Moscou neste mês. Ele preferiu não informar seu sobrenome. “Mesmo assim, há uma boa quantidade de opções e, surpreendentemente, os carros são muito bons”, disse.

A guerra acelerou o movimento de inclinação da Rússia para a Ásia. Mudanças que normalmente teriam levado anos para se realizar ocorreram em meses. A transformação põe fim a um processo iniciado no começo do governo de mais de 20 anos de Putin.

No trimestre passado, 81% dos carros novos importados eram chineses, comparados com o percentual de 28% contabilizado no primeiro trimestre, segundo dados da Avtostat. O banco central da Rússia disse em relatório de 24 de agosto que o índice de confiança do mercado de automóveis ficou positivo pela primeira vez desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro.

O mercado de smartphones também se deslocou em favor da China quando a Apple e a Samsung suspenderam as remessas.

A Xiaomi foi a fabricante de smartphones que mais vendeu na Rússia no segundo trimestre, desbancando a Samsung, e três das cinco marcas mais vendidas eram chinesas, segundo a Mobile TeleSystems, a maior operadora de telefonia celular do país.

A demanda por aparelhos de TV chineses quase dobrou após a invasão, já que as empresas japonesas e sul-coreanas suspenderam as remessas, informou o jornal “Izvestia” no mês passado, atribuindo a informação a varejistas on-line.

O comércio com Pequim já crescia mesmo antes da guerra, e a China fornecia cerca de 25% do total dos produtos importados pela Rússia no ano passado.

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/08/31/russia-recorre-a-china-para-substituir-itens-ocidentais.ghtml

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