A União Europeia decidiu brigar com os aplicativos de compartilhamento. As startups como Uber (de transporte em carro particular) e Airbnb (de aluguel de quartos e imóveis) querem que os consumidores europeus aceitem suas empresas. Mas, quando o assunto é convencer os governantes, essas companhias têm enfrentado obstáculos regulatórios que mostram a dura da União Europeia à inovação tecnológica.
Algumas cidades estão fiscalizando ativamente as atividades dessas empresas, como Barcelona. Lá, o Airbnb foi multado recentemente por violar a legislação local para aluguéis de imóveis. Já em Amsterdã os políticos aprovaram leis para ajudar a economia local de compartilhamento a decolar, como mostrou matéria do The New York Times, assinada por Raphael Minder, publicada no Estadão de 23/09, pg B14.
Alguns países europeus dão respostas ambíguas: o Uber havia sido proibido na Alemanha até semana passada, quando um tribunal de Frankfurt anulou a proibição. Na capital portuguesa, o mais recente país a abordar essas questões, uma nova lei dos aluguéis está sendo pensada para ajudar o Airbnb e seus rivais a crescer. A medida incentiva, ao mesmo tempo, os proprietários de apartamentos a registrar seus imóveis e – mais importante – pagar impostos.
Assim como nos EUA, onde as startups também enfrentaram desafios legislativos, as respostas europeias costumam ser determinadas pela possibilidade dos legisladores enxergarem essas empresas como ameaça aos empreendimentos locais e não como oportunidade para o crescimento econômico.
Seja qual for o raciocínio, a colcha de retalhos das leis e regulamentos trouxe às empresas grande dificuldade para lidar com as mudanças nas regras.
Em abril, o Airbnb recebeu um investimento de US$ 450 milhões, elevando seu valor de mercado para US$ 10 bilhões. A companhia, fundada em 2008, levantou até hoje cerca de US$ 750 milhões em capital. De acordo com a empresa, atualmente 400 mil quartos são alugados por dia por meio da plataforma.
O valor fez a empresa superar redes hoteleiras consagradas, como a cadeia Hyatt, que tem valor de mercado de US$ 8,4 bilhões, e a Wyndham Worldwide, que vale quase US$ 9,4 bilhões.
O modelo de negócios do Airbnb causou sua primeira polêmica em Nova York, onde políticos dizem que o serviço levou a uma redução no número de apartamentos disponíveis.
Já o Uber tem um valor de mercado estimado em US$ 18,2 bilhões, o mais alto entre as novas empresas de tecnologia. O serviço está presente em 163 cidades e 42 países, incluindo o Brasil.