Por que o Wi-Fi da sua casa é tão ruim

 

Se você acha o Wi-Fi da sua casa irritante – instável, lento e menos abrangente do que gostaria -, espere até que seu streaming de TV 4K, a televisão de ultra-alta definição, comece a disputar a conexão disponível com telefones, laptops, sistemas de videogames e outros aparelhos conectados à internet. O futuro depende das redes domésticas, mas mesmo hoje as melhores delas não estão preparadas.

Chamo esse problema de congestionamento no espectro doméstico de frequências, um fenômeno relativamente novo. Ele é produto de um aumento de 100 vezes na demanda por largura de banda de frequências sem fio para redes domésticas de Wi-Fi observado nos últimos cinco anos, como mostrou artigo do The Wall Street Journal, assinado por Christopher Mims publicado no Valor de 22/03.

Em vez de um ou dois aparelhos navegarem na internet – exigindo menos de 5 megabits por segundo de largura de banda -, temos agora streaming de vídeos e múltiplos dispositivos conectados à web que consomem mais de 100 megabits por segundo. Em 2013, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico estimou que um lar típico com dois adolescentes tinha 10 aparelhos conectados à internet. A OCDE projeta que esse número vai subir para 17 em 2017 e chegar a 50 em 2022.

Para ter uma ideia do problema, pense em cada roteador de Wi-Fi como um sistema estéreo. Quando havia menos hot spots de Wi-Fi e dispositivos conectados a eles, o ruído ambiente era suportável. Mas, se você abre hoje o seu laptop e vê dezenas de redes de Wi-Fi, você entende o dilema moderno: todas essas redes estão brigando entre si para serem “ouvidas” pelos dispositivos conectados.

Trond Wuellner, gerente de produto do roteador de Wi-Fi OnHub, do Google, diz que a média que o roteador OnHub pode “ouvir” é de 16 outros hot spots e que um em cada 20 OnHubs pode “ouvir” 50 outros hot spots.

Resultado: quanto mais hot spots de Wi-Fi, pior será a experiência com Wi-Fi de modo geral para todos. Isso é o contrário do que deveria ocorrer e o oposto do que acontece no escritório, onde todos os hot spots de Wi-Fi funcionam bem uns com os outros devido ao uso de equipamentos caros produzidos por empresas como a Cisco Systems.

Ter uma boa rede de Wi-Fi se tornou uma batalha. Compre um roteador novo e mais poderoso e seu serviço pode melhorar, mas às custas dos seus vizinhos.

O fato de quase todo mundo que fabrica roteadores de Wi-Fi estar tentando resolver esse problema, junto com o Google, sua operadora de cabo e uma série de startups, demonstra como as conexões domésticas de Wi-Fi se tornaram um gargalo sério.

Uma dessas empresas é a Eero. O colunista de tecnologia pessoal do “The Wall Street Journal”, Geoff Fowler, achou que a solução de “rede de malhas” com múltiplas antenas funciona bem mesmo em ambientes desafiadores. Mas um aparelho da Eero pode não ser adequado no futuro, quando será comum as casas terem conexões de gigabits, dez vezes mais do que normalmente está disponível hoje. Isso porque, segundo o diretor-presidente da Eero, Nick Weaver, quando você está na periferia de uma rede de malhas, sua conexão será apenas tão rápida quanto o link mais lento da estação de base.

Uma solução seria adicionar mais antenas por toda a casa. Infelizmente, as unidades da Eero custam atualmente nos Estados Unidos cerca de US$ 200.

Uma nova concorrente chamada Plume tem reunido veteranos do segmento sem fio para criar o que afirma ser um novo tipo de Wi-Fi, protegido por 14 patentes. A empresa chama o dispositivo de “Wi-Fi adaptável” Fahri Diner, presidente da Plume e ex-executivo da Siemens e da Qtera, diz que o sistema da Plume consistirá de muitas antenas baratas, uma para cada cômodo da casa, por um custo total de cerca de US$ 100.

Se a Plume fizer isso, será o bastante para um aficionado de redes sem fio desmaiar. Mas não sabemos nada sobre o dispositivo por enquanto, porque a empresa não planeja revelar seu produto até o terceiro trimestre deste ano.

Basicamente, a Plume e a maioria de suas concorrentes querem pegar a tecnologia por trás dos sistemas caros de Wi-Fi para empresas e torná-la barata o suficiente para ser usada em casa.

Outras, ao contrário, estão enfrentando o problema com os fios. A Comcast, a maior operadora de TV a cabo dos Estados Unidos, vem testando sem alarde sistemas que dependem de redes de cabos coaxiais que estão sendo instalados nas novas residências americanas.

Os sistemas colocam vários roteadores em diferentes partes da casa para criar uma rede única contínua sem fio, diz o porta-voz da empresa.

O maior competidor de todos neste espaço pode em breve ser o Google. Diner disse que ele acredita que o Google trabalha em uma solução de malhas similar à da Plume. Wuellner não comentou sobre os planos do Google para futuras interações do OnHub. Mas ele disse que a maioria das empresas do setor está migrando de um único roteador, como o dispositivo atual do Google, em direção a sistemas com múltiplas antenas.

Levando tudo em consideração, isso significa que o futuro do Wi-Fi em sua casa será parecido com o Wi-Fi que você tem no escritório. Haverá antenas em todos os lugares, possivelmente em todos os cômodos. Ele será muito rápido e barato, embora você tenha que pagar novas contas mensais, para a Plume, o Google, sua operadora de cabo ou alguma outra empresa para serviços em nuvem necessários para administrar sua rede doméstica.

Considerando a nossa crescente dependência em largura de banda cada vez maior, essas empresas estão apostando que ficaremos felizes em pagar pelo privilégio.

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