O horário não poderia ser mais nobre para publicidade: o Super Bowl. Alvo: veicular anúncio de brinquedos educativos feitos por mulheres para estimulá-las a serem cientistas. Motivo: a dificuldade para se ter mais mulheres trabalhando nos setores de ciência e alta tecnologia vem merecendo muita atenção, hoje, nos EUA.
Mas, manter mulheres nesta atividade é um grande desafio. Estudo divulgado na semana passada pelo Centro para Inovação de Talentos, coordenado pela economista Sylvia Ann Heltwet, mostra que as mulheres americanas que trabalham com ciência têm 45% mais possibilidade de abandonar o setor no prazo de um ano do que os colegas do sexo masculino.
Além disso, como mostrou matéria do The Washington Post, assinada por Jena McGregor, traduzida pelo Estadão de 17/02, pg B11, segundo um terço dos líderes que trabalham no setor de alta tecnologia, uma mulher nunca chegaria a um alto cargo em suas empresas.
O estudo é uma atualização de outro realizado pelo mesmo Centro em 2008 sobre mulheres que trabalhavam com alta tecnologia. Este estudo anterior também tinha concluído que há um êxodo de mulheres nesta área. A pesquisa mais recente foi feita com 5.695 adultos formados em universidades com experiência em alguma empresa de tecnologia, engenharia ou ciências no setor privado, 2.349 deles, mulheres. Os resultados foram muito semelhantes: um terço das mulheres acham que deixarão este tipo de emprego no prazo de um ano. Novidade: a porcentagem é praticamente a mesma na China.
A diferença fundamental entre os dois estudos, de agora e de 2008, é a que a pesquisa deste ano examinou empresas de ciência e tecnologia dos países emergentes. Os resultados foram bem parecidos: um quarto das mulheres que trabalham com tecnologia nos EUA consideram que suas carreiras estão estagnadas; na Índia a proporção de mulheres com essa sensação é de 45%.
Preconceitos de gênero são o fato apontado pelas mulheres para não avançarem na carreira. Um terço das mulheres que trabalham com tecnologia sentem-se excluídas das redes sociais nos seus empregos. De novo, na Índia é bem pior: 53% delas sentem-se excluídas. Mas, o mais grave é que 72% das mulheres nos EUA e 78% no Brasil acham que existe preconceito nas avaliações sobre seu desempenho nas áreas tecnológicas.
Um ponto essencial: 44% das mulheres americanas que trabalham em tecnologia acham que são julgadas com base em critérios de liderança basicamente masculinos e se sentem obrigadas a assumir conduta difícil entre agressividade e assertividade que, com frequência “ arruínam suas carreiras”.