Petróleo opera em forte queda nos EUA

Os contratos futuros de petróleo operam em território negativo nesta quinta-feira, no maior ritmo de queda em mais de seis semanas. Investidores repercutem aumento dos estoques nos EUA, evidências de casos crescentes de coronavírus no país e uma perspectiva econômica sombria do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), divulgada na véspera em sua decisão de política monetária. 

“Os preços do petróleo recuam hoje principalmente porque que a Energy Information Administration (EIA) informou que os estoques dos EUA se expandiram para um nível histórico”, escreveu Paola Rodríguez-Masiu, analista-sênior de mercados de petróleo da Rystad Energy, em nota a clientes. 

De fato, a EIA informou na quarta-feira que os estoques dos EUA subiram 5,7 milhões de barris na semana encerrada em 5 de junho, um volume muito superior à previsão de analistas consultados pela S&P Global Platts, de um declínio médio de 3,2 milhões de barris. 

Enquanto isso, o presidente do Fed, Jerome Powell, enfatizou ontem que as perspectivas econômicas para os EUA seriam desafiadoras e alertou que milhões de pessoas podem não voltar aos seus empregos. 

“Nas últimas semanas, os preços do petróleo se recuperaram devido aos cortes na oferta, que, em grande parte, controlaram os estoques globais, mas os preços estão novamente pressionados, à medida que as preocupações com o ritmo da recuperação da demanda se intensificam”, escreveu o analista da Rystad. 

Uma recuperação mais fraca após a pandemia que atrapalhou grande parte da economia global pode prejudicar a demanda por petróleo e seus derivados, à medida que a indústria luta com preocupações sobre a eficácia de medidas para limitar a produção da commodity. 

Os agentes também estão preocupados com os sinais de que os casos de coronavírus nos EUA continuam subindo e superaram a marca de 2 milhões. A contagem global de casos subiu para 7,39 milhões nesta quinta-feira, de acordo com dados agregados pela Johns Hopkins University. 

“Os ativos de risco, incluindo petróleo bruto e ações, estão sob pressão hoje devido ao aumento de casos de coronavírus”, disse Robert Yawger, diretor de futuros de energia da Mizuho Securities nos EUA. “Há evidências de que uma segunda onda de casos de covid-19 está ocorrendo no Arizona, Texas, Flórida e Califórnia”, escreveu ele. 

Por volta de 13h20, o petróleo WTI para entrega em julho caía 9,47%, para US$ 35,85 por barril, na Bolsa Mercantil de Nova York, depois de subir 1,7% e marcar seu maior nível desde 6 de março na quarta-feira. O declínio do dia, se houver, representará a perda mais acentuada desde 27 de abril, mostram dados da FactSet. 

No mesmo horário, a referência mundial do petróleo, o Brent para entrega em agosto, perdia 8,17%, a US$ 38,32 por barril na ICE Futures Europe, após um ganho de 1,3% ontem. Se permanecer nesta tendência, será o maior declínio do Brent também desde 27 de abril. 

O mercado de petróleo estava reagindo à recuperação da demanda, pois as atividades comerciais começaram a recomeçar em meio a sinais de que a pandemia estava recuando na maioria dos países desenvolvidos, bem como o novo pacto estendido entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, para cortar a produção em 9,7 milhões de barris por dia até julho estava influenciando os ganhos nos preços. 

Os membros da Opep bombearam 24,32 milhões de barris por dia em maio, representando uma redução de 5 milhões de barris por dia em relação ao nível de produção básico, de acordo com uma pesquisa realizada pela S&P Global Platts, divulgada na quarta-feira. 

Os parceiros não-Opep, liderados pela Rússia, produziram 13,89 milhões de barris por dia, para um corte de 3,28 milhões de barris por dia. No total, a Opep+ fez 85% de seus cortes de produção acordados no mês passado, mostrou a pesquisa. 

https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/06/11/petroleo-opera-em-forte-queda-com-fed-e-temor-de-nova-onda-de-covid-nos-eua.ghtml

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