Pequim anuncia plano de estímulo de US$ 120 bi

Pequim determinou que os bancos estatais disponibilizem linhas de crédito no montante de até 800 bilhões de yuans (US$ 120 bilhões) para projetos de infraestrutura. Esta é a principal iniciativa do governo chinês para reviver o investimento e estimular a retomada da economia afetada pelos lockdowns para conter surtos de covid.

O anúncio foi feito ontem em uma reunião do Conselho de Estado presidida pelo premiê Li Keqiang. A nova linha de crédito dos bancos estatais pode ajudar a financiar uma parcela significativa dos custos com infraestrutura neste ano. A Bloomberg Economics estimou que em 2021 os gastos da China com infraestrutura chegaram a 23 trilhões de yuans. O Banco de Desenvolvimento da China é uma maiores instituições do país.

A cobrança de Pequim por uma implementação mais rápida das políticas de estímulo ao crescimento se intensificou desde que dados oficiais mostraram uma contração da atividade econômica em abril e aumento do desemprego. Indicadores de alta frequência sugerem que o declínio continuou em maio, o que levou Li a fazer um alerta na semana passada sobre os riscos de uma possível contração no segundo trimestre. 

Xangai, por exemplo, terá pela frente semanas, se não meses, de recuperação lenta até que a atividade econômica possa se recuperar totalmente de quase dois meses de lockdown, alertam economistas. Com base nas experiências de outras cidades chinesas como Wuhan em 2020 e Jilin no início deste ano, levará tempo para as lojas reabrirem ou fábricas para garantir suprimentos e aumentar a produção. A escassez de mão de obra pode surgir e a queda na confiança das empresas e do consumidor provavelmente persistirá. 

Neste ano a China direcionou a maior parte de seu auxílio financeiro para as empresas, e não para as famílias. Na reunião de ontem, o Conselho de Estado reiterou o compromisso de apoiar as plataformas de internet que buscam abrir seu capital em bolsas no país e no exterior. O principal órgão do governo também anunciou que medidas específicas de apoio devem ser disponibilizadas para pessoas que perderam empregos ou renda, entre elas o aumento de aposentadorias e pensões e a destinação de subsídios para alguns dos trabalhadores migrantes. 

Os casos de covid-19 na China diminuíram nas últimas semanas, o que levou a um relaxamento do lockdown em Xangai. Ainda assim, a rígida política de covid-zero do governo, que prevê restrições à atividade onde ocorrerem surtos da doença, significa que é provável que o consumo se mantenha fraco. As autoridades pretendem se apoiar no investimento em infraestrutura para estimular o crescimento, e continuam relutantes em destinar incentivos ao setor imobiliário, que passa por uma contração profunda. 

“A economia também deve ser sustentada pelo aumento do estímulo, mas até que ponto isso contribuirá para um crescimento maior do Produto Interno Bruto (PIB) dependerá de como a China administrará surtos futuros de covid”, escreveu em uma nota Allan von Mehren, economista para a China do Danske Bank. “O lockdown de Xangai tem sido atípico até agora, mas, no mínimo, devemos ter a expectativa de que ocorram mais surtos que exijam algum nível de restrições.” 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/06/02/pequim-sinaliza-com-plano-de-estimulo-de-us-120-bi.ghtml

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