Outubro Rosa – ESPM

O Outubro Rosa nasceu nos Estados Unidos há cerca de 20 anos. Desde então, agrega ações ligadas ao cuidado e à prevenção ao câncer de mama, uma das principais causas de morte da mulher e que, se identificado precocemente, consegue ser curado facilmente.

A ESPM aderiu ao movimento e estendeu seu escopo para que, além da saúde, pudéssemos refletir sobre trabalho, sexualidade, a representação da mulher na propaganda e a representação da mulher no cinema, sempre com vários convidados interessantes.

A primeira mesa da sessão de palestras do Outubro Rosa – ESPM aconteceu ontem, no auditório Victor Civita, e contou com o tema “A mulher e o mercado de trabalho”, debate mediado pela professora Cristina Helena.

Mas, por que começar com este assunto? “O trabalho é a nossa existência fora de casa. A profissão é onde existimos e ganhamos reconhecimento para virar um cidadão, um indivíduo para além da família”, disse o professor Pedro de Santi ao abrir o evento. O trabalho para a mulher do século XX e XXI tem uma importância desdobrada, quebrando mitos arraigados e estereotipados da “mulher-mãe”. É ele que vai afirmar a existência da mulher para além da família.

Ana Lúcia Lupinacci, diretora do curso de Design da ESPM-SP e primeira mulher a ocupar um cargo como este na faculdade, contou ao público sua trajetória, seu entendimento sobre trabalho e sua visão de um caminho capaz de conciliar tudo o que a mulher quer e deseja fazer, inclusive trabalhando. “Nos 30 anos de formada, me reinventei todos os dias. É assim que me permito continuar. O trabalho é uma dimensão muito importante, mas não é a única dimensão da nossa vida”, disse.

A professora também comentou que a ideia de independência e liberação das mulheres não é construída num diálogo apenas entre elas. Precisamos, também, chamar os homens para esta discussão. Temos que ter essa visão múltipla, em que o olhar masculino está junto com o feminino. “Há muito o que se fazer no âmbito social e no âmbito do trabalho pela mulher, mas eu vejo que as questões que são tratadas de uma forma pacífica, de um forma dialógica, podem ter muito mais efetividade e manter esse cultivo da sensibilidade, que é uma das nossas marcas, principalmente para as mulheres gestoras.”

Mas, e quando falamos daquelas mulheres que não tiveram a oportunidade de se tornarem grandes gestoras, o que fazer? Erica Zanotti, do Instituto Consulado da Mulher, trabalha com o objetivo de capacitar mulheres em situações de vulnerabilidade social, como aquelas que são moradoras de favelas, comunidades carentes e áreas rurais espalhadas pelo Brasil.

O Instituto Consulado da Mulher tenta fazer com que essas mulheres, que de alguma forma já sabem fazer um produto (como bolos e salgados, por exemplo), consigam transformar esta habilidade em um negócio e gerar renda para sua família. A assessoria fornece um momento de formação, de oficinas que ensinarão como formar preços, como identificar o público-alvo e quais são os controles administrativos e financeiros que elas precisam utilizar no negócio para que, posteriormente, o acompanhamento dos projetos empreendedores aconteça.

Por último, Adriana Gomes, coordenadora do Centro de Carreiras da Pós-Graduação ESPM e colunista da Folha de S. Paulo, situou o público em relação à questão da mulher no mercado de trabalho no Brasil e compartilhou o que já viveu em seu consultório particular de orientação profissional e de carreira.

As mulheres são maioria no mercado de trabalho, sendo responsáveis pelo principal sustento de 37,7% das famílias brasileiras. Além disso, têm expectativa de idade maior (77 anos) do que a dos homens e, no decorrer dos últimos anos, vêm postergando a maternidade em função do ingresso no mercado de trabalho. O interessante é observar que, na relação de trabalho (onde passarão a maior parte do tempo de suas vidas), as mulheres buscam a satisfação. Não basta apenas ganhar dinheiro. Estão, ainda, muito preocupadas com a ascensão profissional, mas o desejo de ser mãe, às vezes, é inevitável. Por isso, algumas buscam se tornarem empreendedoras. “O caminho mais difícil e o mais recompensador é a busca individual e a aceitação das próprias escolhas”, finalizou Adriana.

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