Tomar a iniciativa geralmente ajuda a ganhar qualquer debate. Se a constatação é verdadeira, esse comportamento ajudou mais a Mitt Romney do que a Barack Obama, ontem, no primeiro debate da eleição presidencial norte-americana. Nos 90 minutos que durou o encontro na Universidade de Denver, no Colorado, o republicano passou a imagem de “estar mais confortável”, consenso dos analistas, inclusive dos democratas.
Esse fato não significa, como alertaram os mesmos analistas, que a vantagem de cinco pontos nas pesquisas de Obama seja imediatamente alterada. O presidente falou primeiro e procurou apresentar imagem de tranqüilidade, agradecendo a esposa Michelle pelos 20 anos de casamento, imagem significativa para o eleitor médio americano e relevante frente a mensagem religiosa de seu oponente.
Romney tomou caminho oposto. Abriu sua fala dizendo que não cortaria impostos dos mais ricos e apresentou os cinco prontos básicos do seu programa econômico. O eixo do debate eram questões domésticas e Romney usou desde o primeiro minuto para marcar diferença com Obama: “América deve ser um bom lugar para criar empresas”. Trocou o tom de voz para insistir que irá equilibrar o Orçamento e repetiu a ideia de que pretende “tirar da crise” os pequenos empresários. Não esqueceu o agrado ao eleitor latino propondo novas vias comerciais com a América Latina.
Obama, como seria obrigatório, defendeu os pontos básicos do seu governo, a criação de empregos, a questão fiscal e a “defesa da classe média”. Nesse ponto muitos analistas imaginaram que Obama falaria do vídeo em que Romney ataca a ajuda do estado aos mais pobres, mas o presidente não tocou no assunto. Na resposta o candidato republicano retomou a iniciativa repetindo o mote de que é preciso reduzir impostos “tanto das grandes empresas como das pessoas”.
Como esperado a reforma do setor de saúde seria questão forte no debate. Romney reafirmou que revogará a reforma de Obama no primeiro dia na Casa Branca. Obama insistiu que ele ampliara a assistência médica a milhões de americanos, até então desprotegidos. Obama lembrou que Romney, quando governador de Massachusetts, fizera o mesmo plano, resultado de consenso dos dois partidos no âmbito local, mas não conseguiu dar visão de ataque a sua fala e abriu oportunidade para a defesa de Romney de que a reforma da saúde no plano estadual, quando ele foi governador tinha sido um consenso entre os dois partidos.
As pesquisas sugeriam que o republicano levou a melhor neste debate. Faltam mais dois encontros entre os candidatos um em Nova York, aberto a pergunta dos eleitores, e outro na Flórida, sobre política externa.