A decisão surpreendeu. O governo Barack Obama anunciou ontem uma das mais agressivas políticas de combate ao aquecimento global já adotadas nos Estados Unidos, com objetivo de reduzir em 30% as emissões das geradoras de energia até 2030, em relação aos patamares de 2005. As regras limitam o que as empresas podem emitir para cada megawatt/hora que produzirem e atingem principalmente as usinas de carvão, as mais poluentes.
O setor de geração de energia responde por 38% das emissões de gases americanas e é, individualmente, o que mais polui, como mostrou matéria do Estadão de 3/06, pg A18, O corte esperado até 2030 representa 730 milhões de toneladas de dióxido de carbono, equivalente a 13% do total das emissões dos EUA em 2013. Segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA, em inglês), essa é a poluição gerada a cada ano por dois terços da frota de carros e caminhões do país.
Com a medida, Obama tenta resgatar a liderança americana no debate global sobre mudança climática, colocada em xeque depois que seu projeto para cortar emissões naufragou no Congresso, em 2010. “Não podemos pedir que outros assumam compromissos no combate à mudança climática se muitos de nossos líderes políticos negam que ela esteja ocorrendo”, afirmou Obama na quarta- feira. Muitos dirigentes do opositor Partido Republicano sustentam que o aquecimento global é um fenômeno natural.
Obama decidiu ignorar os parlamentares e usar seus poderes executivos para implementar as medidas, elaboradas a partir do Clean Air Act de 1970. A EPA terá um ano para detalhar as metas.