Já não são mais quatro os sócios do Mercosul. Ao menos para a reunião de cúpula dos presidentes do bloco na cidade argentina de Mendoza. Primeiro ocorreu o risco do Paraguai ter dois representantes: o ex-presidente Fernando Lugo, destituído na semana passada pelo Congresso paraguaio e o atual presidente Federico Franco. Esse risco foi contornado porque Lugo avisou que não assistirá a reunião em Mendoza.
Porém, os outros três sócios do Mercosul, Argentina, Uruguai e Brasil, depois de considerarem que há um “impasse democrático” no vizinho, decidiram isolar o país. Isto quer dizer que, na melhor das hipóteses, o Paraguai ficará fora do Mercosul até julho de 2013. Motivo: só neste mês é que acontecerá a próxima reunião de cúpula que pode chamar de volta o Paraguai, depois das novas eleições presidenciais marcadas para abril do ano que vem.
A “questão Paraguai” já provocou outras fissuras no Mercosul. A presidente Dilma Rousseff gostaria de apenas isolar politicamente o Paraguai e não impedi-lo de estar representando no bloco. Os outros dois sócios, Argentina e Uruguai forma contra: retiraram os seus embaixadores e vetaram a participação do novo presidente paraguaio, Federico Franco na reunião de cúpula.
Essa decisão de isolar completamente o Paraguai do Mercosul terá impactos econômicos. O Brasil não quer esse prejuízo, mas as perdas parecem inevitáveis. O Brasil não fechará a Ponte da Amizade e muito menos cortará o fornecimento de produtos estratégicos ao vizinho, como fez a Venezuela que suspendeu imediatamente a venda petróleo para Assunção. Vale lembrar que 50% da gasolina consumida no Paraguai é entregue pela Petrobras, pro exemplo.
Outras dificuldades comerciais acontecerão com a interrupção dos contatos diplomáticos. Os novos financiamentos do BNDESB para projetos de empresas brasileiras no Paraguai serão interrompidos, com significativos prejuízos. No entanto, Dilma não pretende contrariar seus sócios no Mercosul e já avisou que não atenderá o pedido de Franco de “reunião bilateral” com o Brasil.
O maior prejudicado nessa confusão política e diplomática com o Mercosul será o povo paraguaio. Há um fundo de ajuda chamado FOCEM, criado pelos quatro membros do Mercosul para ajudar os mais pobres. O Brasil é o grande contribuinte, responsável por 70% desse fundo de ajuda. Isolado, o governo de Assunção não poderá retirar estes recursos. O Paraguai é o maior beneficiário desse fundo.