O Brasil tem “fome de tecnologia”? Tem, e até sueco quer matar essa fome.

O Brasil tem, de verdade, fome de tecnologia? Ao que parece, tem sim. Nos últimos seis anos as importações de tecnologia cresceram 177% no País. Isto quer dizer que as empresas pediram quase 180% a mais de um jeito novo de fazer as coisas, mais rápido e mais barato. Provavelmente, menos poluente também.
Perfeito! Isso é muito bom. Porém, a consultoria internacional que fez este cálculo, a Grand Thornton UK, mostrou também que a produção doméstica de tecnologia, apesar de toda essa demanda das empresas, cresceu apenas 40% nesses mesmos últimos seis anos. Isso quer dizer que a produção de tecnologia em nossos institutos de pesquisa e universidades não atendeu nem um quarto do que as empresas pediam de “jeito novo” de produzir.
O relatório da consultoria britânica ofereceu também outro número essencial: o Brasil é o sétimo país mais atrativo para investimentos em tecnologia. Em outras palavras, entre todas as opções para investir em tecnologia o Brasil está bem na foto; só perde para EUA, Reino Unido, China, Alemanha, França e Índia, nessa exata ordem.
Por que os investidores querem botar dinheiro em técnicas novas aqui? A resposta a consultoria também deu: o imenso potencial do nosso mercado doméstico. Motivo: a estabilidade econômica e o enorme crescimento da Classe C, vista como consumidora potencial.
Há uma boa questão para debate nisso tudo: estamos interessados em produzir toda a tecnologia que as empresas pedem? Em 2011 o Brasil exportou US$ 52,3 bilhões de produtos industriais de alta e média tecnologia, principalmente aviões, via Embraer. Mas… importou bem mais que o dobro , US$ 134, 1 bilhões de produtos de alta e média tecnologia.
Explicar a diferença entre o que o Brasil compra e o que vende com tecnologia começa por saber que os investimentos do País em pesquisa e desenvolvimento (P&D) cresceram bem menos do que a nossa economia. Segundo publicou o Estadão (edição de 18/9, pg B14), baseado em números oficiais, de 2000 a 2009, o aporte de grana em P&D passou de 0,34% do PIB para 0,42% do Produto Interno Bruto, que é a soma de todas as riquezas do País. Pois bem, nesse mesmo período de tempo, o tamanho da economia brasileira quase triplicou! Ou seja, o País aumentou três vezes o porte de sua economia e o dinheiro destinado a pesquisa aumentou 0,8% do que o Brasil produziu.
A explicação da nossa fome por tecnologia aparece no crescimento da economia. O tamanho da importação de tecnologia aparece na baixa produção nacional de um jeito novo de produzir. É possível mudar essa realidade?
Quem acredita que deve mudar esse quadro deve ler a matéria do Valor Econômico de ontem: “Suecos investem para fazer do Brasil um pólo de inovação”. Empresas suecas montaram um Centro de Inovação Sueco-brasileiro, a partir de um tripé: empresa, universidade e governo. O alvo dos suecos é buscar parceria no CNPq, no programa Ciências sem Fronteiras e na nova Universidade do ABC. O projeto não oferece só bolsas de estudos, vai muito além disso, porque a Suécia concentra projetos de inovação em “soluções que visem negócios globais”. Aliás, um dos temas de seus projetos é segurança e isso envolve marketing.

Quem tem interesse em debater fome de tecnologia, a íntegra da matéria do Valor, com todos os dados, está no endereço:
https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/9/18/suecos-investem-para-fazer-do-brasil-um-polo-de-inovacao

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