Nova “fronteira” do Google está na terra. Com minúscula.

O negócio é muito promissor. O Google está fincando um pé no cada vez mais aquecido setor agrícola, investindo em um sistema que processa dados de sementes e solo para ajudar agricultores a elevar a produtividade e economizar dinheiro.

Ontem, a Farmers Business Network Inc. encerrou uma rodada de captação de US$ 15 milhões liderada pela Google Venture, a divisão de capital de risco do Google. A “startup” pretende usar os recursos para expandir seu serviço de análise de lavouras para mais Estados.

A empresa, que é sediada em San Francisco e foi criada em janeiro de 2014, usa sistemas de computadores para avaliar dados públicos e privados sobre produtividade das safras, padrões climáticos e práticas de plantio. A empresa vende orientações a produtores sobre como aumentar a produtividade de suas safras e reduzir usos ineficazes de fertilizantes ou pesticidas, como mostrou matéria do The Wall Street Journal assinada por Jacob Bunge, publciada no valor de 20/05, pg B4.

“Os dados são a ferramenta que vai liderar a próxima onda de ganhos de produtividade no espaço [agrícola]”, diz Andy Wheeler, sócio da Google Ventures que, com o investimento na Farmers Business Network, vai ganhar um lugar no conselho de administração da startup. “Estamos nos estágios iniciais de aproveitamento desses dados.”

O Google e outros investidores, como a firma de capital de risco Kleiner Perkins Caufield & Byers, que investe há mais tempo na Farmers Business Network, estão financiando a empresa nessa área de rápido crescimento, que une o poder computacional do Vale do Silício às tecnologias de sementes e equipamentos cada vez mais desenvolvidas que se espalham pelo cinturão agrícola dos Estados Unidos.

A análise de vastos volumes de dados sobre o clima e desempenho de safras pode ajudar os agricultores a produzir mais milho, soja e outras culturas e eliminar aplicações desnecessárias de fertilizantes ou pesticidas, segundo as empresas e produtores.

Algumas das maiores empresas agrícolas, como a gigante do agronegócio Monsanto Co., têm investido nesse segmento. A Monsanto gastou mais de US$ 1 bilhão em aquisições nos últimos anos para formar sua divisão de agricultura de precisão. Uma das firmas que a Monsanto comprou, a Climate Corp., tem ex-executivos do Google entre seus fundadores e também já recebeu investimentos da Google Ventures.

O conglomerado de alimentos Cargill Inc. está desenvolvendo seu próprio serviço e a fabricante de sementes e químicos Du Pont Co. informou que, nos próximos dez anos, espera faturar US$ 500 milhões anualmente com serviços de dados agrícolas.

Firmas novatas como a Farmers Business Network, Farmobile LLC e a FarmLink LLC alardeiam sua independência das gigantes do agronegócio ao competir por uma fatia dos investimentos dos agricultores num momento em que a renda de muitos deles sofre os efeitos de uma queda drástica nos preços dos grãos e da soja desde 2012.

Os produtores que usam o serviço da Farmers Business Network, a um preço de US$ 500 por ano, fornecem à empresa dados de produtividade de safras passadas, quais tipos de sementes foram plantadas, uso de fertilizantes e outras práticas.

A empresa padroniza os dados e os analisa com base em informações de outros agricultores e no seu próprio banco de dados. Ela, então, devolve ao produtor uma análise mostrando como está o desempenho de sua lavoura comparado a outras plantadas em solo e com sementes semelhantes e sugere ajustes no plantio e rotação de culturas. Ferramentas para avaliar o uso de pesticidas e fertilizantes também estão sendo desenvolvidas.

“Com informações mais transparentes, acreditamos que há um jeito melhor de plantar”, diz Charles Baron, um dos fundadores e vice-presidente de produto da Farmer Business Network que foi ex-gerente de produto do Google para projetos de energia.

Baron diz que o serviço da empresa irá se aperfeiçoar com a adesão de mais agricultores. Atualmente, ela cobre 2,8 milhões de hectares de lavouras em 17 Estados e analisa 16 tipos de culturas, como milho, soja, trigo, girassol e grão de bico. Os recursos captados ontem ajudarão a empresa a se expandir ainda mais nos EUA, analisar outros tipos de lavouras e desenvolver mais serviços.

O investimento também amplia a participação do Google em algumas startups voltadas para a agricultura e alimentação. A empresa já investiu na Impossible Foods, uma empresa da Califórnia que está desenvolvendo hambúrgueres e queijos a partir de vegetais, e na Glanular Inc., de San Francisco, que produz software para gestão agrícola.

O Google está avaliando outros possíveis investimentos em plataformas que coletam dados meteorológicos e de plantações, que sistemas como o da Farmers Business Network podem interpretar para os produtores.

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