Rose Mary Lopes
O ambiente brasileiro tem oferecido muitas oportunidades para que, especialmente os jovens universitários, se testem e experimentem na opção de empreender. E em diferentes áreas: tecnológica, social, de negócios digitais ou não. Várias competições ou desafios empreendedores colocam o componente internacional.
Os primeiros eventos internacionais em que o Brasil foi inserido foram competições de planos de negócio. Como a “Venture Labs Investment Competition”, que anteriormente era chamada de “Moot Corp”. Esta competição de negócios nasceu na Universidade de Texas, em Austin, em 1984.
E, incentiva alunos pós-graduados a submeterem planos de negócio que serão avaliados nas competições regionais, em que os primeiros colocados ganham a possibilidade de apresentar seu planos de negócios presencialmente em Austin.
O time ganhador fatura atualmente a quantia de US $ 78 mil, convite para se relacionar com a empresa Nasdaq OMX (que aparentemente pode apoiar desde muito cedo a preparação para possível abertura de capital da empresa), um pacote equivalente a US $ 25 mil na incubadora de tecnologia de Austin, além de consultoria com o Diretor do Texas Venture Labs.
A etapa regional desta competição é coordenada pela FGV desde 2001. Nesta competição o time que trabalha no plano de negócio usualmente é de alunos / ex-alunos de uma mesma nacionalidade. Participando de etapas regionais, fora de seu país, eles ganham a experiência de contato com mentores, participantes e juízes com outras bagagens.
Outra competição mais focada em aplicação de tecnologias emergentes a problemas gerais de grandes cidades é a “Joint Business Plan Competition”, organizada pelas Universidades de Illinois (UIUC) e a de Ciências e Tecnologia de Hong Kong (HKUST). Alunos da Universidade de São Paulo tem participado desde 2010.
Tive oportunidade de ajudar no processo, em 2010, cooperando com a equipe da Agência de Inovação da USP. Naquele ano houve a preocupação de selecionar os melhores candidatos de diferentes unidades e campus da USP, fluentes em inglês, e mais flexíveis para trabalhar em equipes mistas, compostas não apenas pelas duas universidades organizadoras.
Naquele ano participaram também as Universidades London South-Bank e Yonsei (da Coréia do Sul). Os projetos finais, que seriam finalizados numa semana no início de 2011, em Londres, desafiavam os alunos a desenvolverem negócios que ajudassem a cidade de Londres a se tornar mais sustentável para as Olimpíadas de 2012.
Assim, os melhores alunos indicados por diretores das unidades da USP participaram de um fim de semana preparatório, em regime de imersão, e cheio de desafios empreendedores. Entre eles o de preparar um negócio que resolvesse um problema de quaisquer dos campi da USP: entre 18 horas de um dia e 8 do dia seguinte! E, apresentá-lo em inglês para a banca!
Posteriormente participaram de etapa em que os times apresentaram outro plano de negócio para outra banca em São Paulo. Deste modo foi possível escolher os que iriam representar a USP na competição. E, antes de ir a Londres, ainda tiveram contato com o Cônsul da Inglaterra em São Paulo.
A partir da indicação dos alunos representantes da USP, eles foram inseridos em times compostos por alunos de outras universidades e com eles trabalharam virtualmente, por um período, antes de se encontrarem presencialmente em Londres para a etapa final.
Este tipo de competição agrega o componente multicultural e os alunos tem a oportunidade de desenvolver competências ligadas ao trabalho em equipe, em que todos os participantes têm diferentes formações técnicas e bagagens culturais, além dos diferentes idiomas maternos.
Recentemente organizei e coordenei o “ESPM & LSU Entrepreneurship Challenge”, um desafio de empreendedorismo internacional de curta duração: 10 horas. Envolveu estudantes de MBA da Louisiana State University que vieram ao Brasil para conhecer nosso ambiente de negócios, por meio de visita a empresas em São Paulo e Rio de Janeiro.
O desafio foi composto por palestras e o desenvolvimento de ideias de negócios que poderiam ser introduzidas no mercado brasileiro. Os alunos da LSU trabalharam em times mistos com alunos de graduação e de pós da ESPM. Apoiados por mentores puderam, em poucas horas, se informar sobre aspectos de nosso mercado e gerar adaptações ao modelo de negócios.
Os ganhos da experiência são enormes, entre eles o aumento de repertório e de confiança destes alunos. Trata-se de marco significativo na vida destes estudantes: vivenciam como é trabalhar num time multicultural, enfrentando as diferenças, a pressão de tempo e a defesa do seu negócio ante uma banca de especialistas e investidores. Inesquecível!