A escolha, sem dúvida, é diferente: vídeo para vender um carro de luxo usou um funk. O lançamento era do Classe A, um novo modelo hatch da montadora alemã Mercedes-Benz, carro com custo inicial de R$ 99,9 mil. O vídeo, lançado na página da empresa no You Tube na quarta-feira, reuniu o funk passinho do Volante , criando pelo grupo MC Federado e os Leleks da periferia do Rio de Janeiro à imagem de um dos produtos mais sofisticados no imaginário de consumo brasileiro.
A vontade de “fazer barulho” deu certo. A proposta era de apresentar o carro em cenário futurista, exibindo os dispositivos de segurança do Classe A. Em menos de 24 horas foram 135 mil visualizações. Com esse número de compartilhamentos, a agência responsável considerou o vídeo da campanha como um viral.
A discussão em torno da proposta foi muito forte, como mostrou matéria do Estadão de hoje, pg B20. A gerência de comunicação disse que a empresa sabia que o vídeo com a música “Ah Lelek Lek Lek Lek Lek” poderia chocar parte do público porque todo viral é polêmico. Mas, a “idéia era essa mesmo: quem não gostar do vídeo vai ficar curioso em relação ao carro”.
A Mercedes queria se aproximar do público jovem e renovar a marca, sem perder os clientes tradicionais. Esta pretensão está em debate. O teor dos comentários e o empate no número de avaliações positivas e negativas do público ficou dividida entre os que gostaram e os que detestaram a associação do Classe A com o funk.
A Diretoria de Criação da agência responsável pelo projeto de lançamento do Classe A afirmou que o contraste enfrentado pelo vídeo está relacionado com o momento vivido pelo Brasil com a ascensão social de camadas mais pobres. De fato, seria presunçoso dispensar um público de 35 milhões de pessoas recém chegadas ao mundo do consumo. Inclusive do Classe A da Mercedes-Benz.