Nos EUA, a briga já começou entre republicanos

A luta entre os republicanos pela candidatura à Presidência dos EUA em 2016 promete ser longa e disputada, podendo contar com mais de uma dúzia de postulantes. A corrida teve início com o recente anúncio do senador Ted Cruz, do Texas, de que vai participar das primárias (prévias) republicanas no ano que vem. Um dos nomes mais conservadores do partido, Cruz tem poucas chances de ser o escolhido, segundo analistas. A preferência costuma ser por políticos mais centristas, como Jeb Bush, ex-governador da Flórida, ou Chris Christie, governador de Nova Jersey.

A dez meses das primárias de New Hampshire, a primeira do calendário do partido, o quadro político republicano está completamente indefinido. Bush e o governador de Wisconsin, Scott Walker, aparecem como os favoritos do eleitorado da sigla de oposição ao presidente Barack Obama, mas num cenário muito pulverizado.

Pesquisa CNN/ORC divulgada há duas semanas mostrou Bush com 16% das preferências, pouco à frente dos 13% de Walker e dos 12% do senador Rand Paul, do Kentucky. Entre os possíveis postulantes do partido, também há nomes inesperados como os de Carly Fiorina, ex-presidente da Hewlett Packard, e do neurocirurgião Ben Carson

É um panorama bem diferente do que se passa no campo democrata. A ex-secretária de Estado Hillary Clinton é hoje a grande favorita para ser a candidata do partido, que deverá ter um número bem menor de competidores nas primárias. Na pesquisa CNN/ORC, Hillary apareceu com 62% das preferências dos democratas, muito à frente dos 15% do vice-presidente Joe Biden, que há algumas semanas era visto como um nome fora da disputa. Nos últimos dias, voltou-se a falar numa candidatura de Biden.

Ainda que a escolha tenda a recair sobre um nome mais tradicional do partido, a disputa entre os republicanos deve ser renhida. Com propostas socialmente conservadoras, candidatos como Cruz e Huckabee devem ganhar o apoio dos eleitores mais radicais, como os do Tea Party. Isso tende a forçar os mais centristas a encampar um discurso que agrade também a essa fatia do partido. Bush já disse que a imigração ilegal não é um crime, sendo um “ato de amor” pela família. Walker e Rubio também já deram declarações mais brandas em relação à questão da imigração, cuja reforma está emperrada na Câmara. São posturas mal avaliadas por fatia considerável do eleitorado republicano.

As pesquisas apresentam hoje um quadro difícil para os republicanos numa eventual disputa com Hillary. A pesquisa CNN/ORC mostra a democrata batendo todos os principais nomes republicanos por diferenças superiores a dois dígitos. Ela tem 55% das intenções de voto nas simulações contra Bush, Walker ou Christie, que conseguem apenas 40%. Lichtman diz, contudo, que é muito cedo para apontar favoritos, ainda que a recuperação da economia tenda a favorecer o candidato do partido que está no poder. As primárias começarão apenas no fim de janeiro de 2016, com as convenções partidárias ocorrendo em julho e as eleições, em novembro.

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