O número é bem forte. Ser o dono do próprio negócio é o sonho de 40% dos 12,3 milhões de moradores em favelas no Brasil. O dado consta de pesquisa do instituto Data Favela, parceria entre o Data Popular e a Central Única das Favelas (Cufa). E foram publicados pelo Valor Econômico, edição de 4/03, pg A4.
O número representa queda em relação à pesquisa anterior, de 2013, quando 53% manifestavam o desejo de empreender. Mesmo assim é superior à média nacional. De acordo com o Sebrae, 23% da população brasileira desejam criar um empreendimento próprio.
De acordo com o levantamento, 55% dos candidatos a empreendedor querem abrir negócios no prazo máximo de três anos. A pesquisa foi divulgada ontem, na abertura do 2o Fórum Nova Favela Brasileira, em São Paulo.
A maior parte dos candidatos a empreendedor (63% do total) deseja abrir seu negócio na própria comunidade em que vive, ao passo que 19% desejam empreender fora da favela, mas em uma região próxima. Apenas 15% querem um negócio completamente desvinculado de seu local de moradia.
Mais de um terço das pessoas que desejam empreender (35%) manifestaram interesse em investir no ramo de alimentação.
Pelos dados da pesquisa, 56% dos candidatos a empreendedor pertencem à classe C, 38% são da classe baixa e 7% da alta, conforme a classificação do instituto. Mais da metade (51%) é casada.
As mulheres demonstraram ligeira vantagem no perfil empreendedor, com 51% dos candidatos. Negros e pardos representam 73% do universo de pessoas que sonha com o negócio próprio.
De acordo com o Data Favela, a abertura de novos negócios fortalece a economia das favelas. Os dados indicam que 82% dos moradores que fizeram compras nos últimos 30 dias adquiram itens básicos junto ao comércio local.
“Pensando no potencial de consumo dos moradores, a favela ainda carece de mais oportunidades de negócios para atender a população local”, comenta Renato Meirelles, presidente do Data Popular. Segundo o instituto, o potencial de consumo das favelas brasileiras é de R$ 68,6 bilhões por ano.
Segundo a pesquisa, 81% dos eletrodomésticos adquiridos pelos moradores ocorre fora das favelas. Também se concentra fora das comunidades as compras de roupas (81%) e móveis (76%). A pesquisa ouviu, durante o mês de fevereiro, 2 mil moradores de 63 favelas de nove regiões metropolitanas e o Distrito Federal.