Empreendedorismo focado em reequilibrar, restaurar e cuidar da saúde das pessoas

Rose Mary Lopes

A vida moderna trouxe muitas facilidades, muitas tecnologias que possibilitam o acesso á informação, pessoas e lugares de modo ágil. Entretanto, também impactou no ritmo com que as demandas são colocadas e a rapidez com que se exigem as respostas e soluções.

Em verdade já há comprovações de que ao invés de trabalharmos menos, passamos a trabalhar mais. Muitos prolongam as horas de trabalho, assumem cargas maiores, mais responsabilidades até porque as organizações buscam fazer mais com menos recursos.

A velocidade com que as pessoas e organizações demandam o preenchimento de suas necessidades e problemas impõem estilos de vida cada vez mais urbanos, distanciados da natureza, e eu diria, da própria natureza.

O custo é pago com a deterioração do equilíbrio, com menos bem estar, menos tempo para cuidar de si, de recontratar seu mundo interior e de se restaurar. E intensifica-se a necessidade e a busca de lugares onde, pelo menos por algumas horas ou dias, possamos ser cuidados e nos restaurarmos.

Decerto que o ser humano sempre buscou soluções para cuidar da saúde. Desde os tempos pré-históricos há registros de busca de águas quentes ou mesmo frias para curar dores e doenças. Indo mais além, o banho em determinados rios ou fontes de água representaram e representam purificação do corpo e do espírito.

Por isto os indianos até hoje viajam até o rio Ganges e se banham em suas águas que, para os ocidentais são consideradas impróprias para banho. Contudo, parece ser mais recente a construção de estruturas dedicadas a oferecer opções confortáveis de desfrutar do poder curativo das águas.

Podem ser balneários públicos ou privados. Estes mais frequentemente recebem o nome de spas. Uma das origens do nome seria uma abreviação de “salute per aqua” – saúde pela água. Bath, na Inglaterra, no século XVIII, transforma-se de um simples lugarejo rural em lugar para onde os nobres, ricos e afluentes iam se banhar e beber as águas.

É curioso que o hábito de beber água mineral de determinadas fontes surge, na Europa, no mesmo século, a partir da prescrição de médicos, no mesmo de que seus pacientes bebessem as águas de Karlsbad (cidade de fontes termais situada na República Checa).

O fato é que as estações termais ou balneários, em locais com belas paisagens e bom clima, evoluíram ao oferecer muitos tipos de tratamento além dos banhos. Incorporaram massagens, tratamentos estéticos, nutricionais, exercícios etc. Daí que há indicação que spa seria abreviação de Serviço Personalizado de Atendimento.

O termo, segundo outras fontes, derivaria da cidade de Spa na Bélgica, cujo nome remontaria ao tempos romanos quando o lugar era chamado de Aquae Spadanae, sendo depois reduzido, com o tempo, para spa.

Este setor cresce no mundo e no Brasil, onde se tem variedade em termos de destino: spa destino (alimentação mais hospedagem incluídos), spas em hotéis e resorts, spa passeio (ex: dentro de navios ou clubes) e day spas. A oferta é diversificada em especialidades: nutricional, termal, estético, médico, holístico, naturalista, esporte e aventura e bem-estar.

Como nem todos tem tempo para ir aos locais mais distantes onde os spas associam belas paisagens com bom clima, como se pode perceber o conceito é trazido para as cidades sob a forma de spas urbanos, permitindo usufruir dos serviços por algumas horas – os day spas – para fugir das pressões e do estresse.

No Brasil o setor já apresentava em 2012, mil unidades de negócio, com faturamento de R$ 370 milhões no ano, e àquela altura se esperava ainda maior crescimento no setor. Isto porque o brasileiro cada vez mais de preocupa com a saúde, com o bem-estar e, sobretudo, com a estética.

Por outro lado, aumentou a diversificação de tipos de serviços oferecidos, até porque se tem cursos e disseminação de novas formas de terapias e de práticas. Assim, houve disseminação de atividades de Pilates, de relaxamento, incorporação de equipamentos (por exemplo, aeróbicos). Até o oferecimento de serviços de beleza.

O segmento de empresas tem despertado para a oferta de alguns dos serviços dos spas em eventos com seus funcionários em hotéis, ou trazendo massagens nas instalações da própria empresa. Há desde spas únicos, cadeias de spas, filiais de spas de grifes (ex: Caudalíe no Hotel Spa do Vinho em Bento Gonçalves).

Entretanto, o grande desafio dos spas é o grau de ocupação. De acordo com a Associação Brasileira de Clínicas e Spas (ABC Spas) a taxa média de ocupação era de 15%. Ou seja, para quem quiser empreender no setor, fica o desafio de marketing e comercial, pois não basta criar um belo e calmo ambiente, com variedade de serviços e profissionais qualificados.

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