Na web, humor virou estratégia de marketing. E com 249 milhões de visualizações

Humor e publicidade não eram bem “irmãos”, mas eram “primos”; e, nem sempre “se davam bem”. A internet parece ter mudado muito essa relação entre rir e anunciar. Uma produtora de vídeos de humor na web, a Porta dos Fundos, contou em um de seus últimos vídeos a história de um marinheiro que saiu de casa para comprar cigarros e demorou dois anos para voltar por causa do trânsito engarrafado. Em cima da mesa, na hora da volta, havia uma garrafa de marca específica de cerveja. Apenas o episódio, Já volto, em que a cerveja aparece, foi visto 1,7 milhão de vezes na internet, em cinco dias.
A produtora de vídeo passou a ser considerada grande revelação quando o assunto é programa de humor apesar da graça “escrachada”, com palavrões que não servem para a TV tradicional, como mostrou matéria do Estadão, de 6 de maio, pg B14. O fato é que o vídeos da produtora já atraíram mais de 246 milhões de visualizações e 2,9 milhões de inscritos no canal do grupo no You Tube.
Nos vídeos da produtora as marcas devem ter obrigatoriamente uma “aparição discreta”, conhecida como “product placement, e essa discrição na exibição das marcas agora está sendo negociada com empresas dos setores automotivos, financeiro e telefonia. Mesmo gravando filmes a pedido de empresas, estes vídeos não aparecem no canal Porta dos Fundos no You Tube. Eles são exibidos pelas empresas no canal delas. Embora receba um briefing e acate recomendações, o grupo diz que a palavra final é sempre deles.
Essa exigência provocou reações interessantes. Uma montadora de automóveis encomendou três vídeos (já vistos por 6 milhões de pessoas) para passar a mensagem que a marca era líder de mercado por mais de década. A diretoria da empresa só viu os filmes depois de prontos. E aqui aconteceu o mais curioso como constatou o gerente de marketing de relacionamento da montadora: “o vídeo que a gente achava o mais “non sense”, foi o mais compartilhado. Este ponto, o julgamento de “o mais non sense” merece toda atenção.
Duas lições ficaram bem visíveis destas explosões de visualizações. A primeira foi detectada pelo professor George B. Rossi, da ESPM, citado na matéria do Estadão: “mensagem com humor tende a ser mais bem lembrada do que se fosse inserida em outros contextos”. A segunda está na percepção de outro anunciante, que passou a usar a produtora de vídeos de humor: “eles mostraram que a marca que não estiver atenta ao que é dito sobre ela ou não tiver a humildade de reconhecer (as falhas que viram sátiras) não sobrevive”.
O debate sobre estas mudanças no mundo das marcas, da publicidade, das empresas e do humor está só no começo.

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