Na vitória de Merkel, negros e muçulmanas chegaram ao Parlamento alemão

As surpresas na eleição alemã de domingo não ficaram só na grande votação que reelegeu Angela Merkel. O salto na representação dos imigrantes – uma difícil questão na sociedade alemã – foi bem grande: 34 parlamentares de famílias de imigrantes foram eleitos, ante 21 no último pleito em 2009. Entre eles estão os primeiros parlamentares negros no país, um químico e um ator, além de uma muçulmana.

Nascido no Senegal, o químico Karamba Diaby reconhece que sua eleição é um fato histórico. Com uma bolsa de estudos ele foi para a cidade Halle na antiga Alemanha Oriental, em 1986. Só em 2001, Diaby recebeu a cidadania alemã. É diferente a história do ator negro Charles M. Huber, filho de um diplomata senegalês com uma alemã. Ele escreveu um livro, bem vendido, contando as dificuldades de ser um imigrante na Alemanha.

A curiosidade maior, como mostrou matéria de O Globo de 24/09, pg 24, é que Diaby foi eleito pelos sociais democratas o SPD de oposição, enquanto Huber foi eleito pelos conservador CDU, democrata-cristão, o partido de Merkel.

A primeira parlamentar muçulmana eleita, Cemile Giousouf, de raízes turcas, é legítima representante de uma sério problema social: nascida na Alemanha de pais com visto temporário de trabalho, ela foi enviada à Grécia para ser criada pela família da mãe. Retornou para a Alemanha com a regularização da situação dos pais, e conquistou emprego público trabalhando com mulheres imigrantes.

O partido da chanceler Angela Merkel ficou bem perto de conquistar a maioria absoluta, faltaram apenas cinco cadeiras, além das 305 conquistadas pela democracia cristã. Os sociais democratas da oposição perderam muitos votos em relação a eleição anterior e ficaram com apenas 25,7 % dos total dos votos enquanto Merkel alcançou 41,7%. Será preciso uma coalisão para formar o governo, porque nenhum partido conquistou a maioria dos 630 votos do Parlamento.

O voto dos parlamentares imigrantes não decidirá esta coalisão. Cada representante votará com seu partido. Porém, no dia a dia do próximo governo o conjunto dos votos dos imigrantes terá peso significativo, principalmente político. Como os números desta eleição já mostraram.

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