Na China, pode presentear o professor. Mas, com limite

Neste ano foi bem diferente: na China, 10 de setembro é Dia do Professor. A comemoração anual, instaurada em 1985, celebra a contribuição dos educadores para a sociedade chinesa, e costumava ser o momento dos estudantes expressarem sua gratidão por meio de cartões e flores. Porém, a data ganhou novos contornos e tornou-se comum nos últimos anos os pais comprarem presentes extravagantes para os mestres de seus filhos, como iPads, cosméticos de luxo, bolsas de design e vale-compras opulentos.

Esses itens raramente refletem a sincera gratidão dos estudantes. Contrariamente, fazem parte da grande competição que se tornou a educação na China. E ser o preferido do professor é uma das facetas desse jogo, como mostrou matéria da Economist.com, publicada no Estadão em 14/09, pg B10.

Alguns pais com carteiras recheadas acreditam que um bom presente pode ajudar seus pequenos a obterem sucesso escolar – o que pode ser caracterizado como propina. Essas gratificações também perpetuam a desigualdade: nem todos os pais podem arcar com presentes desse porte, e um sistema que recompensa a riqueza com mais oportunidade é bem problemático.

A gratificação escusa de professores, contudo, está com os dias contados. Em 2012, o presidente condenou essa prática nas escolas durante uma campanha anticorrupção – durante a qual também recriminou outras atitudes como a realização de banquetes, a fabricação de tortas da lua (típico doce chinês) em ouro maciço e o consumo de bebidas alcoólicas caras.

No ano passado, o governo de Xi Jinping elaborou um projeto de lei que propõe a mudança da comemoração do Dia do Professor para 28 de setembro, considerado o aniversário de Confúcio.

Há alguns dias, o Ministro da Educação aproveitou a proximidade do 10 de setembro e proibiu as gratificações extravagantes em todas as instituições educacionais do país. Nos anos anteriores, diversos sites vendiam vale-compras para o Dia do Professor de até mil yuans (US$ 160). Este ano, os presentes ofertados online são menores e mais baratos, como marcadores de livros e porta- canetas.

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