Na China, bolha imobiliária é a nova ameaça

Os preços das casas começaram a cair. Desde o ano passado, as altas vertiginosas da última década, quando os preços quadruplicarem nas principais cidades, chegaram ao fim. A média dos preços dos imóveis residenciais em toda a China caiu 4,3% em dezembro, se comparada ao mesmo mês do ano anterior.

A taxa oficial de crescimento da China, de 7,4% em 2014, foi o ritmo mais lento desde 1990. O Fundo Monetário Internacional (FMI) baixou neste ano sua projeção de crescimento para a China de 7,1% para 6,8%, e prevê que, pela primeira vez em várias décadas, o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá mais lentamente que o da Índia no ano que vem, como mostrou material do Financial Times, de Jamil Anderlini, publicada na edição de 3/02, pg A 14, do Valor Econômico.

Considerados os setores de apoio, a construção de imóveis responde por cerca de 25% da economia chinesa, de US$ 10 trilhões, proporção maior que a verificada em EUA, Irlanda ou Espanha no auge de suas bolhas imobiliárias, na década passada. Quase dez anos de atividade frenética de construção criaram uma enorme capacidade excedente e deixaram amplos cinturões de prédios de apartamentos vazios em torno da maioria das cidades chinesas.

Mas, ainda assim, o total dos investimentos no setor aumentou 10,5% no ano e a área ocupada não comercializada tinha crescido mais de 26% no fim de dezembro, segundo dados oficiais.

Os dados sugerem que a correção do setor imobiliário chinês não chegou, na verdade, sequer a ter início. Quando o setor começar a contrair, o que poderá ocorrer já neste ano, a taxa de crescimento oficial poderá cair de forma muito mais acelerada, e o país poderá passar por uma onda de falências – além de uma possível crise de endividamento, advertem economistas.

“A desaceleração da China poderá se transformar numa reversão desordenada de vulnerabilidades financeiras com implicações consideráveis para a economia mundial”, advertiu neste mês o Banco Mundial.

O impacto já está se fazendo sentir nos preços mundiais das commodities, inclusive o petróleo, e no desempenho claudicante das economias de Brasil, Alemanha, Austrália e de boa parte da Ásia, que dependem cada vez mais da demanda chinesa.

Os preços das commodities, como minério de ferro e cobre – componentes fundamentais de qualquer surto de crescimento da construção civil – estão perto dos níveis observados pela última vez em plena crise financeira mundial, e isso antes que a correção propriamente dita da construção civil pela China tenha começado a ocorrer.

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