Mas, afinal, o que aconteceu com o dólar? Por que, de repente, caiu?

A moeda americana recuou 8% só em setembro e fechou ontem a R$ 2,20, a menor cotação desde junho. Aliás, esse recuo ocorreu no mundo inteiro depois que o banco central americano, o FED, anunciou que manteria intacta sua política. Ou seja, o programa de injetar dinheiro todo mês na maior economia do planeta para assegurar o crescimento vai continuar. O mundo respirou aliviado.

Na verdade, a decisão do FED está carregada de cuidados. É uma clara indicação de que o banco ainda considera muito fraca a recuperação da economia e, portanto, manterá inalterada a política de compra de ativos que injeta todo mês US$ 85 bilhões na economia do país. O mercado se surpreendeu porque esperava algum corte, no mínimo de US$ 5 bilhões nessas operações. Nem isso foi feito.

O resultado foi imediato: alta nas bolsas do mundo inteiro, recuo nos juros nos Estados Unidos e recuos nas cotações do dólar. Isto quer dizer que o mundo entendeu que o governo americano ainda não considera o “serviço acabado” de recuperar sua economia.

Ainda não há uma data marcada para o fim destes estímulos. Alguns analistas avisaram que essa decisão esconde coisa pior: como a Casa Branca e os conservadores republicanos que controlam a Câmara dos Representantes ainda não chegaram a qualquer acordo sobre o orçamento e a elevação do teto de endividamento, a partir de 1o. de outubro o governo pode ficar sem dinheiro para pagar seus gastos. A briga é política, mas pode provocar enorme prejuízo na economia. Se o governo para de gastar, porque a Câmara não deixa, parte considerável da economia américa esfria. Ou seja, não era hora, frente a esta ameaça, de cortar os estímulos financeiros.

Em outras palavras, o banco central americano apenas foi cauteloso porque sabe que o problema pode ficar bem mais complicado. Democratas e republicanos têm até 30 de setembro para entenderem-se. O presidente Obama já disse que se sente “encurralado” pela oposição. O banco central parece que não acredita muito no acordo político entre governo e republicanos. E agiu com toda cautela.

Comentários estão desabilitados para essa publicação