O comércio eletrônico brasileiro adotou um novo modelo: em vez de ampliar o próprio catálogo as grandes empresas começaram a fazer acordos com lojistas menores para que eles vendam produtos em seus portais. Isto quer dizer: quem faz compra online em uma grande loja pode adquirir um produto que, na verdade, é oferecido e entregue por outra empresa. O modelo, conhecido no setor como marketplace, o shopping virtual, foi uma estratégia da gigante Amazon para crescer muito nos EUA.
Tem muito dinheiro envolvido neste movimento, mas a estratégia é de pura defesa. No ano passado havia forte rumor que a Amazon viria para o Brasil. Os grandes varejistas se organizaram para defender-se, como resumiu em sua análise a consultoria eletrônica E-Bit. Na verdade, a Amazon chegou ao Brasil em dezembro, mas apenas com venda de livros digitais e do leitor Kindle.
O marketplace já é bem significativo no Brasil. Como mostrou matéria de hoje no Estadão, pg B14, as vendas nos shoppings virtuais já movimentaram R$ 6,4 bilhões em 2012, nas contas da E-Bit. Esse valor correspondeu a 29% do comércio online tradicional no ano passado.
Quem tem mais experiência domina o setor. O Mercado Livre é responsável pela maior parte deste faturamento, atraindo vendedores individuais e pequenos comerciantes. É uma forma de usar o catálogo de 90,2 milhões de usuários registrados para que outras lojas online promovam seus produtos. O Magazine Luiza, que trabalha com o modelo marketplace desde 2010, tem produtos de sete parceiros em várias categorias, desde comésticos perfumaria, alimentação, relógios e pneus. Já a Rakuten, que é exclusivamente um shopping online para lojas iniciantes, reúne produtos de 500 comerciantes.
Há, porém, uma preocupação de que o marketplace piore a avaliação do consumidor sobre comércio eletrônico porque uma empresa vende, mas outra é responsável pelo estoque e entrega. A questão central está na “escolha do sócio menor” no marketplace, na responsabilidade dele com o negócio, resumem todos os analistas consultados sobre essa preocupação.