Lei de Cotas pode gerar modelo de “college” americano

A USP, a Unicamp e a Unesp encontraram forma diferente para colocar em prática a Lei de Cotas aprovada pelo Congresso, a que determina 50% das vagas para alunos da escola pública. As três universidades obedecerão o critério definido em lei, metade das vagas destinadas a alunos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa; além de reservar 35% dessas vagas para critérios raciais. A mudança está no modelo adotado para acolher os alunos da rede pública.
Esse modelo já é praticado pela Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp. É o programa de Formação Interdisciplinar Superior (Profis) que já funciona há dois anos. A maior novidade é que os alunos da rede pública receberão um curso de formação geral antes da graduação. As 120 vagas desse curso já são preenchidas na Unicamp pelos melhores alunos da rede oficial de ensino médio, conforme o desempenho no Enem. No caso da Unicamp, que será adotado como modelo, cada uma das 95 escolas da cidade de campinas, tem direito a uma ou duas vagas.
A mudança maior do modelo é que o Profis, que dura dois anos, entrega ao final um certificado de curso sequencial e dá o direito de complementação de estudos. Com esse documento, os alunos podem, por exemplo, participar de concurso público que exija curso superior. A ideia da Unicamp é que os alunos egressos desse programa continuem os estudos em um dos 58 cursos de graduação oferecidos pela universidade, já com uma formação prévia bem melhor. Entre os cursos da Unicamp que abrem vagas para os alunos do Profis estão o de Medicina e o de Arquitetura, os dois mais procurados pelos vestibulandos da Unicamp.
Alguns especialistas apontaram que a discussão sobre a legislação federal da Lei de Cotas “avança muito” se as três universidades paulistas adotarem um programa como o Profis da Unicamp Segundo esses especialistas, o reforço educacional e a bolsa de estudos oferecidas pelo modelo da Unicamp são muito necessários para que as cotas funcionem. Outros especialistas notaram que a proposta, na prática, começa a adotar o modelo dos colleges americanos, que oferecem formação e certificado, antes de um curso específico de graduação.

Comentários estão desabilitados para essa publicação