Lei britânica torna crime trabalho de imigrante irregular

A decisão é inglesa, mas atingirá toda a Europa. O governo britânico vai endurecer o combate à imigração ilegal com poderes à polícia para tomar salários e deportar imediatamente quem for pego nessa condição.

As autoridades pretendem criminalizar a prática, isto é, aumentar o rigor sobre quem contratar esses estrangeiros e criar um sistema por satélite para vigiá-los até deixarem de vez o Reino Unido, como mostrou matéria de Leandro Colon , na Folha de São Paulo, de 21/05.

O anúncio das medidas pelo primeiro-ministro, David Cameron (Partido Conservador) é cumprimento de sua promessa de campanha de reduzir a imigração. O ponto foi um dos mais polêmicos na recente disputa eleitoral contra os trabalhistas.

As novas regras dão dois sinais políticos claros.

O primeiro é a disposição em enfrentar a União Europeia sobre “imigração”, bandeira de Cameron, que promete um plebiscito para definir a permanência no bloco.

O gesto demonstra também que, com a maioria obtida sem necessidade de alianças no Parlamento na eleição do último dia 7, os conservadores não têm mais obstáculos para agir em áreas sensíveis para os antigos aliados liberais-democratas durante o primeiro mandato.

O jornal “The Telegraph”, que apoiou publicamente o premiê na eleição, considerou as medidas “radicais”.

O foco será quem entra ilegalmente para trabalhar e quem não deixa o território ao fim do visto temporário.
Como é comum com comunidades que incluam clandestinos, há apenas estimativas extraoficiais do total de imigrantes no Reino Unido. A rede BBC calcula que sejam ao menos 8 milhões, o que perfaz 12,5% da população oficial do país. Entre eles, há possivelmente 350 mil brasileiros (com e sem visto).

Ao todo, de 300 mil a 600 mil estrangeiros podem estar sem permissão. Não se sabe quantos trabalham.

O último balanço de um fluxo de 12 meses, encerrado em setembro de 2014, apontou que 624 mil imigrantes chegaram, sendo 251 mil da União Europeia. No mesmo período, 327 mil pessoas deixaram o território.

Esse saldo entre quem entra e quem sai, hoje em quase 300 mil, tem de cair para 100 mil na meta do Partido Conservador. Novos dados devem ser anunciados hoje.

Segundo a BBC, Cameron dirá que a ideia é tornar o Reino Unido “menos atraente para vir e trabalhar ilegalmente” e argumentar que uma “imigração descontrolada” resulta na falta de controle dos serviços públicos.

A ideia é implementar a regra “deport first, appeal later” (deportar primeiro, recorrer depois — ou seja, já no seu território de origem).

Além disso, a polícia pode ter autorização para confiscar salários e os bancos poderão ser obrigados a colaborar com informações financeiras de suspeitos. Empresas e funcionários receberiam alertas de vistos expirados.

Para evitar punições, as empresas de recrutamento terão de anunciar previamente no Reino Unido os empregos disponíveis antes divulgar essa informação no exterior.

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