Entretenimento sob demanda

Fernando Matijewitsch – aluno do 7o. semestre do curso de Comunicação Social da ESPM/SP

A produção de conteúdo premium digital está em forte crescimento. Atualmente, mais de 30 empresas de mídia estão produzindo centenas de horas de nova programação online. O contexto em que vivemos é aquele do desenvolvimento do entretenimento sob demanda, representado por Netflix, Spotify, HBO, entre outros.

O site Adweek, a partir de dados compilados pela empresa Ninja Metrics, faz a seguinte pergunta: “Será que o entretenimento por streaming eventualmente passará o faturamento da TV à cabo e de vendas de álbuns de música?”

Nos Estados Unidos, mais de 40% dos lares assinam serviços de vídeo sob demanda. Presente em 36% das casas americanas, o Netflix é líder de mercado. Enquanto isso, o Amazon Instant Video e o Hulu Plus estão, respectivamente, em 13% e 6,5% dos lares.

Outro dado bastante interessante é que assinantes de serviços de streaming assistem quase uma hora a mais de TV por dia se comparados à assinantes de TV à cabo. São 2h45min na frente da tela: possível resultado de permitir que o seu cliente assista o que quiser, na hora que quiser.

As vantagens percebidas pelos consumidores também são financeiras. Em média, com US$ 39, é possível assinar Hulu Plus, Amazon Instant Video, Netflix e HBO Now, os quatro maiores do segmento. Um pacote básico expandido, com pouco mais de 50 canais, sai, em média, US$ 64. Isso parece refletir no número de consumidores dos serviços: enquanto o Netflix americano possui 41,3 milhões de assinantes, as 13 maiores operadoras de TV à cabo do país, combinadas, somam 95,2 milhões.

Em relação ao streaming de música, a situação também é bem promissora. Em 2014, mais de 164 bilhões de canções, ou seja, 8,2 bilhões de horas, foram escutadas neste modelo. Nos Estados Unidos, 67% das pessoas utilizam serviços de streaming de música semanalmente, o que fez com que o faturamento do segmento crescesse 29%, a mesma porcentagem da queda do faturamento dos downloads de música.

Porém, segundo Matthew Garrahan, do Financial Times, “apesar do crescimento do streaming, ninguém na indústria da música está estourando champanhe. Mesmo que sua trajetória de crescimento continue, o streaming ainda não vai substituir a perda de faturamento devido à queda dos downloads pelos próximos dois ou três anos. Ainda assim, é um modelo que as gravadoras amam, porque toma o lugar daquele que depende de hits. É um modelo que entrega uma receita recorrente e constante”.

Em 2013, um caso marcante: após receber o prêmio Emmy de melhor série dramática, Vince Gilligan, criador de Breaking Bad, não agradeceu à emissora que transmitiu o seriado na TV, mas ao Netflix. “Foi o Netflix que nos manteve no ar”, disse Gilligan. Esta fala se deve ao fato de que a série, após estrear no catálogo do serviço, ter visto a sua audiência dobrar, apenas reforçando a importância do Netflix como distribuidor de conteúdo.

Vivemos em um mundo onde as pessoas querem se entreter, mas buscam uma programação não linear. Queremos ter poder. Queremos escolher o que fazer com o gigantesco conteúdo disponível ao alcance de nossas mãos. E o streaming é, hoje, a melhor opção para isso.

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