“Juguo” ou, quando começa a caça das medalhas olímpicas na China.

O quadro de medalhas da primeira semana de Olimpíadas repete 2008: a China na frente. As “surpresas” com o feito da nadadora Ye Shiven. De 16 anos, por exemplo, dão bem a medida do tipo de reação com o desempenho dos chineses: é “artificial”, pode incluir até o uso de drogas proibidas. A insistência nesse tipo de análise dos “especialistas” fez até o Comitê Olímpico Internacional alertar os críticos de Ye que “caiam na real”.
Uma matéria do Financial Times, assinada por Roger Blitz, procurou saber os motivos do muito bom desempenho dos chineses. E descobriu que esse desempenho deve ter muito a ver com o “juguo”, o diferenciado sistema esportivo chinês, colocado em prática bem antes da decisão de Pequim sediar as Olimpíadas. O sistema mistura duas providências: buscar no páis inteiro futuros atletas desde os primeiros anos da infância e muito rigorosos treinamentos, em que não faltam apelos patrióticos e dinheiro, obviamente.
“Olheiros” de Pequim viajam o país inteiro em busca de crianças com capacidades físicas para determinado esporte e, quando descobertas, vão para escolas especiais, para treinamentos de período integral. Professores que detectam talentos precoces também são premiados. Ye foi “descoberta” aos sete anos por um professor que notou o tamanho das suas mãos.
Essas escolas especiais têm duas características: regime bem duro de treinos e a estrita obediência aos técnicos. No caso de Ye, que agora ficou famosa, o treinamento era de cinco horas diárias, durante nove anos. Não está excluída nestas escolas os estágios no exterior, especialmente Austrália. Nesse caso, o alvo na preparação do atleta é outro, resumido pela própria Ye: “eles têm formas diferente de pensar”, incluindo o jeito de trabalho técnico: “tive sensações diferentes quando fiquei por lá”.
Alguns críticos do modelo chinês de treinamento lembraram o “sistema soviético na Guerra Fria”. A crítica pode ser exagerada. A realidade é outra, depois da internet. Especialmente, para um atleta que vive de comparações. O que interessa, de fato, é o resultado: em Pequim, a China liderou com 100 medalhas, 51 de ouro, 19 a mais do que em Atenas.

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