Inflação recua, mas volta ao normal nos EUA deve ser lenta

A queda dos preços dos combustíveis, de passagens aéreas e vestuário deram aos americanos um pequeno alívio no mês passado, embora a inflação geral ainda esteja perto de seu maior nível em quatro décadas. 

O índice de preços ao consumidor (IPC) dos EUA aumentou 8,5% em julho em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo informou ontem o governo americano. O dado ficou abaixo do de junho, que mostrou um aumento de 9,1% nos preços em relação ao mesmo mês do ano passado. 

Entenda a diferença entre os índices de inflação nos EUA 

Em uma base mensal, os preços permaneceram inalterados de junho para julho, a primeira vez que isso acontece depois de 25 meses de aumentos seguidos. 

O relatório é uma boa notícia para o presidente Joe Biden e para os democratas no Congresso americano, que enfrentam eleição legislativa em novembro. 

Biden destacou ontem a estabilidade do dado mensal da inflação. “Só quero dizer um número: zero”, afirmou ele a jornalistas. “Hoje recebemos a notícia de que nossa economia teve inflação zero no mês de julho.” 

Os republicanos, que fizeram da inflação um dos principais temas da campanha, observaram que os preços ainda estão dolorosamente altos. 

O alívio de julho não oferece uma certeza de que os preços permanecerão em queda. A inflação desacelerou no passado recente, apenas para voltar a ganhar força nos meses seguintes. E mesmo que os aumentos dos preços continuem a perder força, a inflação ainda se encontra muito longe da meta anual do Federal Reserve (Fed), de 2%. 

“Há um bom motivo para pensar que a inflação continuará desacelerando”, disse Michael Pugliese, economista do banco Wells Fargo. “O que eu acho que está perdido nessa discussão é o quanto ela vai desacelerar.” 

Mesmo que a inflação caísse para 4% — menos da metade do atual nível — Pugliese sugere que o Fed precisaria continuar aumentando as taxas de juros ou pelo menos mantê-las altas. 

As reações iniciais do Fed sugerem justamente isso. “Esse é apenas o primeiro sinal de que talvez a inflação esteja se movendo na direção certa”, afirmou ontem Neel Kashkari, presidente da sucursal do Fed de Minneapolis. 

Para Andy Burgess, da Insight Investment’s, o dado de inflação deve continuar caindo, na comparação com o ano passado, mas que outros fatores deverão manter os preços elevados. “Deverá levar ainda um tempo considerável para que a inflação retorne à meta do banco central. Uma vez passado o efeito estatístico, [a inflação] pode ser mostrar mais resistente do que muitos acreditam”, disse, citando pressões inflacionárias de aumentos salariais, das sanções à Rússia e do processo de desglobalização. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/08/10/eua-inflacao-ao-consumidor-surpreende-e-fica-abaixo-do-esperado-em-julho.ghtml

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