O crescimento das economias dos EUA e do mundo sofreu uma desaceleração em maio, com a alta da inflação afetando a demanda, revelam dados divulgados ontem.
Nos EUA, a empresa de dados S&P Global informou que seu índice de atividade composto dos gerentes de compras (PMI) – que mede a atividade nos setores de manufatura e serviços – desacelerou para 53,8 em maio, a menor leitura dos últimos quatro meses. Na zona do euro, segundo a S&P Global, o índice composto caiu de 55,8 em abril para 54,9 em maio.
As pesquisas PMI ressaltam a série de obstáculos que a economia mundial tem enfrentado neste ano, entre os quais os lockdowns na China por causa da covid-19, a disparada nos preços de energia e alimentos, a invasão da Ucrânia pela Rússia e a ofensiva dos bancos centrais para combater a inflação com o aumento dos juros.
A Europa e o Japão parecem parecem estar no meio de uma transição, em que os serviços ainda se beneficiam da suspensão gradual das restrições relativas à covid, enquanto a manufatura enfrenta custos de produção crescentes e sinais de enfraquecimento da demanda. Como reação, algumas empresas já começaram a se planejar para uma desaceleração significativa ou uma recessão.
PMIs semelhantes mostram que a Austrália passa pela mesma situação dos EUA e da zona do euro, enquanto o Japão teve uma recuperação modesta na atividade econômica, mesmo com a desaceleração do setor manufatureiro.
Os dados de algumas das principais economias ricas do mundo indicam que a atividade continua a ser sustentada pelo relaxamento das restrições ao setor de serviços, com os países ocidentais aprendendo a conviver com a covid. Setores como o de turismo estão vendo uma forte recuperação.
Ao mesmo tempo, as fábricas na Europa e no Japão registraram uma queda nas novas encomendas enquanto custos e preços dispararam, um sinal de que a produção manufatureira vai desacelerar ainda mais nos próximos meses.
“Resta saber por quanto tempo essa recuperação do setor de serviços persistirá, especialmente se levarmos em conta o aumento do custo de vida, e a fragilidade da manufatura continua a ser uma preocupação, pois já há indícios de que as dificuldades das fábricas se espalharão para algumas partes da economia de serviços”, disse Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global.
Embora as pesquisas apontem para a continuação do crescimento no segundo trimestre, elas parecem ter exagerado a força da economia mundial durante os primeiros três meses do ano.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a produção econômica nos seus 38 membros nos três primeiros meses do ano foi apenas 0,1% superior à do último trimestre de 2021, uma forte desaceleração em relação ao crescimento de 1,2% registrado nos três meses até dezembro.
Diante de todo o impacto do salto nos preços da área de energia desencadeado pelo ataque da Rússia à Ucrânia, as autoridades econômicas na Europa se preparam para tempos difíceis pela frente.
Líderes empresariais compartilham essas preocupações. Uma pesquisa realizada pelo Conference Board e divulgada ontem verificou que os diretores executivos de 56 das principais empresas da Europa ficaram muito mais desanimados sobre suas perspectivas nos seis meses que se passaram desde a pesquisa anterior. A medida de confiança caiu de 63 para 37 – uma leitura abaixo de 50 indica que há mais CEOs pessimistas do que otimistas sobre o cenário.