Incursão terrestre em Gaza está próxima

A possibilidade de uma escalada na guerra entre Israel e Hamas, com uma ofensiva terrestre à Faixa de Gaza e uma nova frente no conflito a partir da fronteira israelense com o Líbano, aumentou. Ministros israelenses falaram abertamente sobre a proximidade de uma incursão terrestre e governos ocidentais pediram que seus cidadãos deixem o Líbano. 

Ontem, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse às tropas posicionadas na fronteira com Gaza que a ordem para entrar no território palestino virá em breve. “Agora vocês veem Gaza daqui de fora, em breve a verão lá de dentro”, afirmou Gallant. 

Desde os ataques terroristas cometidos pelo grupo extremista armado Hamas em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu vem dizendo que a resposta será longa e forte. Logo, começaram bombardeios contra Gaza, vistos por analistas como possível preparação para a incursão terrestre. 

A nova sinalização de Israel foi feita um dia depois da visita do presidente americano, Joe Biden, ao país. Ontem, num pronunciamento pela TV, Biden disse que enviaria hoje ao Congresso um pedido de reforço da ajuda financeira aos israelenses. Biden – que anunciou também um reforço financeiro para a Ucrânia – disse ao mesmo tempo que os EUA seguem comprometidos com o direito de autodeterminação dos palestinos. 

Em entrevista à TV ABC News, o ministro das Finanças de Israel, Nir Barakat, também deu sinais de que a ofensiva terrestre pode estar próxima, ao afirmar que as forças armadas “receberam sinal verde” para iniciar a incursão. O ministro, que integra o gabinete de crise criado entre o governo e a oposição para tratar da guerra, explicou que as preparações necessárias foram finalizadas. 

Barakat afirmou que eventuais mortes de civis e reféns serão efeitos secundários, e o objetivo principal é acabar com o Hamas. De acordo com o governo israelense, 199 reféns estão em poder do Hamas após os ataques do dia 7. 

Dentro de Gaza, os palestinos aguardam a entrada de 20 caminhões com ajuda humanitária que estão previstos para cruzar a passagem de Rafah, pelo Egito, ainda hoje. Organizações consideram que a quantidade é insuficiente para atender às necessidades dos milhões que tiveram água, comida e energia cortadas. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), antes da guerra cerca de 500 caminhões entravam em Gaza por dia, com combustível e suprimentos. 

Outra declaração que chamou a atenção ontem foi a do ministro da Agricultura israelense, Avi Dichter, sobre criar uma zona-tampão na Faixa de Gaza ao fim da guerra, alegando não ser mais eficiente ter a infraestrutura de segurança da fronteira dentro de Israel. 

Comentando as declarações, o ministro de Relações Exteriores israelense, Eli Cohen, reforçou a ideia. “O Hamas não estará mais em Gaza, e Gaza será menor”. 

A possibilidade de uma nova frente de guerra se abrir na fronteira norte de Israel também aumentou após Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha pedirem que seus cidadãos deixem o Líbano. “Recomendamos aos cidadãos americanos no Líbano que tomem as providências necessárias para deixar o país”, diz o comunicado da embaixada dos EUA, ressaltando que os voos comerciais ainda continuam operando no país. 

“A situação pode se deteriorar rapidamente e sem avisos”, alertou a embaixada britânica. A embaixada alemã foi mais enfática e pediu que os cidadãos deixem o Líbano “imediatamente”. 

Ontem, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, visitou Israel, demonstrou apoio a Netanyahu e afirmou que seu governo havia enviado ajuda militar para evitar uma escalada regional. 

Ontem, o Hezbollah disparou ao menos 20 foguetes em direção ao norte de Israel, que reagiu. Diante da escalada, o governo israelense retirou seus cidadãos de regiões da fronteira. 

Na Cisjordânia, desde o ataque do dia 7, ao menos 75 palestinos foram mortos em ações de militares israelenses ou confrontos com colonos israelenses. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2023/10/20/incursao-terrestre-em-gaza-esta-proxima-indica-israel.ghtml

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