Enfim chegou: pesquisadores da IBM desenvolveram novo tipo de chip de computador, que não usa mais energia que um aparelho auditivo e pode resolver cálculos ainda não solucionados pelos super computadores de hoje.
O chip, chamado de True North, foi detalhado em artigo publicado semana passada na revista Science. Ele procura imitar a maneira como cérebros reconhecem padrões, apoiado em malhas densamente interligadas de transistores semelhantes às redes neurais do cérebro.
Os “neurônios” eletrônicos do chip conseguem sinalizar para outros quando um tipo de dados – a luz, por exemplo – ultrapassa um certo limiar. Trabalhando em paralelo, os neurônios começam a organizar os dados em padrões sugerindo que a luz está ficando mais brilhante, ou mudando de cor ou forma, como mostrou artigo do The New York Times, assinado por John Markoff, publicado no Estadão de 09/08, pg B11.
O processador consegue reconhecer, no vídeo, a mulher que pega uma bolsa, ou controla um robô que está enfiando a mão num bolso e retirando uma moeda. Humanos conseguem reconhecer esses atos sem um pensamento consciente, mas os computadores e robôs atuais têm dificuldade de interpretá-los. Esse é o ponto de alta evolução.
O chip contém 5,4 bilhões de transistores, mas consome meros 70 miliwatts de energia. Por comparação, os modernos processadores Intel em computadores pessoais e centros de processamento de dados de hoje podem ter 1,4 bilhão de transistores e consumir bem mais energia – 35 a 140 watts.
O True Northt tem um milhão de “neurônios”, quase tão complexo como o cérebro de uma abelha. A nova abordagem de projeto, referida como computação neuromórfica ou computação cognitiva, ainda está em sua infância e os chips IBM ainda não estão comercialmente disponíveis. Google, Microsoft e Apple recorrem ao reconhecimento de padrões por meio de redes neurais para melhorar em muito a qualidade de serviços como reconhecimento de fala e classificação de fotos.
Porém, Yann Le Cun, diretor de pesquisas em inteligência artificial do Facebook, pioneiro em redes neurais, duvidou que o chip da IBM supere os processadores comerciais mais rápidos existentes. Ele criticou como inadequado o teste da capacidade do chip de detectar pedestres e carros em movimento. Pesquisadores e cientistas contestaram sua crítica e insistem que o chip poderá ser implantado em telefones celulares.