O desafio é grande. Steven Spielberg e Ridley Scott já venderam milhões de ingressos de filmes. Mas será que eles conseguem vender óculos de realidade virtual?
Com várias empresas planejando lançar novos dispositivos móveis para reprodução de imagens de realidade aumentada para a próxima temporada de vendas de Natal, Hollywood está desenvolvendo projetos para garantir que os novos compradores tenham algo para experimentar de verdade.
“O desafio está lançado”, diz Chris Edwards, diretor-presidente da Virtual Reality Co., empresa de Los Angeles que tem desenvolvido discretamente vários projetos imersivos de entretenimento, como mostrou matéria do The Wall Street Journal, assinada por Erich Schwartzel, publicada no Valor de 17/04, pg B7
Analistas preveem que uma loja de aplicativos com experiências em realidade virtual poderá ser acessada por esses dispositivos, que podem vir em versões de baixo custo que se anexam a smartphones ou custar várias centenas de dólares.
A VRC foi criada por quatro grandes da indústria do cinema — Edwards, o diretor Robert Stromberg, o produtor Joel Newton e o executivo Guy Primus — e está preparando uma grande leva de conteúdo com diretores como Spielberg e Scott.
O formato, que envolve óculos com telas estereoscópicas que respondem aos movimentos dos usuários em 360 graus, tem intrigado os produtores de Hollywood que temem perder a próxima grande inovação. Mas nenhum conteúdo realmente inovador foi lançado até agora.
Os dispositivos têm aparecido em eventos do setor — o Festival de Cinema de Tribeca, em Nova York, que começou ontem, terá demonstrações de curta metragens produzidos pela Oculus VR , a empresa de tecnologia de realidade virtual que o Facebook comprou no ano passado por US$ 2 bilhões. A Legendary Pictures, produtora responsável por “O Homem de Aço”, está criando conteúdo, e o presidente do conselho da Legendary, Thomas Tull, é um investidor da Oculus.
Os projetos da VRC mostram os vários gêneros e setores que estão testando a nova tecnologia, mas também as limitações econômicas e de comportamento do consumidor que o novo formato ainda enfrenta.
A VRC está atualmente captando quase US$ 23 milhões e se reunindo com executivos da indústria da música e de museus para criar aplicativos de realidade virtual, como a gravação de um show ao vivo para ser visto em dispositivos móveis.
A realidade virtual é vista por alguns como uma substituta potencial de atividades coletivas como ir a um concerto ou ao cinema. “O receio é que se torne algo tão atraente que as pessoas fiquem antissociais”, diz Edwards, da VRC. Para evitar isso, Spielberg, que é membro do conselho de consultores da VRC, trabalha num projeto voltado para “toda a família”, segundo Edwards.
Mas o fantasma do 3-D ainda paira sobre todo o empreendimento. Esse formato retornou ao cinema com o sucesso de “Avatar”, de 2009, mas o uso excessivo do conceito e os preços elevados dos ingressos levaram a uma supersaturação e queda de qualidade. A fatia dos ingressos de 3-D vendidos no fim de semana de lançamento dos filmes caiu de cerca de 65% em 2010 para menos de 33% no ano passado.
Muitos dos projetos de cineastas da nova empresa serão em episódios para que os espectadores não fiquem saturados pela tecnologia, diz Edwards. Isso permite que a empresa responda à popularidade de um projeto adicionando mais capítulos a ele.