Google vai competir com Apple e Spotify

O Google está procurando desmantelar o “duopólio” Spotify – Apple na distribuição de música, reformulando seu serviço de música, nesta semana, na quarta tentativa visando convencer bilhões de usuários do YouTube a pagar [pelo serviço].
O Google lança hoje um novo serviço de música por assinatura e o divulgará com a campanha publicitária mais cara já promovida no YouTube. O serviço, chamado YouTube Music, imita o modelo do Spotify: haverá um patamar gratuito com suporte a anúncios e funções mais limitadas, e uma assinatura de US$ 10 por mês, sem anúncios e com funções extras, como mostrou matéria do Financial Times, publicada pelo Valor em 22/05.
“Não há nada saudável no duopólio”, disse Lyor Cohen, diretor de música do YouTube, que ajudou a moldar o hip hop nos anos 1980 e 1990 como empresário de bandas como Jay-Z e Run DMC.
Ele diz que o domínio do Spotify e da Apple, com 125 milhões de assinantes pagantes dos serviços de streaming de música e creditado por ter promovido a ressurreição do setor, é “assustador para músicos e gravadoras”.
“Para preservar essa incrível oportunidade para o setor de música, é preciso concorrência na distribuição”, disse Cohen. “Não é mais como há 30 anos, quando um cara podia alugar um depósito, comprar um monte de discos e botar uma placa com os dizeres Tower Records na frente. Agora é preciso ter uma tonelada de engenheiros, uma pegada mundial uma tonelada de dinheiro.”
O Google fez incursões anteriores em streaming de música paga – como o Google Play, o YouTube Key e o YouTube Red -, mas nenhum deles provou ser um grande sucesso, e os serviços concorrentes têm confundido os clientes. Enquanto isso, o Spotify e a Apple incorporaram dezenas de milhões de clientes pagantes, o que fez com que os negócios com música se recuperassem, nos últimos anos.
À medida que os grupos de tecnologia se apressam, na tentativa de moldar o futuro da indústria da música, “surgem mais pressões no sentido de que o YouTube cresça e apareça mais”, disse Mark Mulligan, analista da Midia Research. “O Spotify está encurtando a desvantagem que o separa do YouTube como destino para obter música.”
A mais recente iniciativa do YouTube acontece quando a música tornou-se uma parte maior de seus negócios. O YouTube é o maior site de vídeos do mundo, e vídeos muito bem produzidos por estrelas pop atraem bilhões de visualizações. O vídeo da música “Despacito”, um grande sucesso no ano passado, foi assistido mais de 5 bilhões de vezes, ao passo que o vídeo de “This is America”, uma nova música de Childish Gambino, atraiu 85,3 milhões de visitantes em sua primeira semana, de acordo com a Nielsen.
Cerca de um terço da receita de publicidade do YouTube veio de música, no ano passado, acima dos 27% em 2016, segundo a Midia Research.
Analistas do Morgan Stanley preveem que o YouTube Music atrairá 25 milhões de assinantes pagos até 2022, o que geraria cerca de US$ 3 bilhões em receita anual. No entanto, eles alertam que “embora estejamos levando o YouTube a sério, o Google Play Music está no mercado há anos e não fez um marketing agressivo para induzir as pessoas a subscreverem o serviço de música em suas encarnações anteriores. Será que desta vez será diferente?”
O YouTube também pode ajudar a restabelecer um relacionamento mais harmonioso entre o Google e os músicos, que usam o YouTube para seu marketing, mas reclamam há anos que a gigante da tecnologia não os remunera suficientemente, e levaram a briga para Bruxelas e Washington.
Em 2016, o YouTube contratou Cohen para ajudar. No ano passado, o empresário de 58 anos conversou como as grandes gravadoras, propagandeando um novo serviço que as “faria ricas”, segundo executivos envolvidos nessas reuniões. Depois de um longo impasse com as grandes gravadoras, o YouTube fechou novos contratos de licenciamento no ano passado.
Executivos de música estão cautelosamente otimistas. “Eles não param de falar nisso, e no passado pisaram na bola repetidas vezes”, disse o alto executivo de uma gravadora. “Mas as pessoas estão assumindo uma atitude positiva diante disso, de uma maneira nunca vista antes em relação ao YouTube. Esse produto não vai revolucionar o negócio da música por assinatura, mas é tão bom quanto os da Apple e do Spotify”.

http://www.valor.com.br/empresas/5539693/google-vai-competir-com-apple-e-spotify#

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