EUA preparam ação contra firmas chinesas de tecnologia

O governo do presidente Donald Trump prometeu “tomar medidas” em questão de dias contra empresas chinesas de software que considera como um risco à segurança dos Estados Unidos, em uma indicação de que Washington está pronta a estender sua ofensiva para além do aplicativo de compartilhamento de vídeos TikTok. 

A ByteDance, proprietária chinesa do TikTok, se mobilizou para salvar as operações do aplicativo nos EUA, com um apelo ao governo para que lhe dê permissão para vender a unidade para a Microsoft. 

Comentários feitos ontem pelo secretário de Estado americano, Mike Pompeo, deram a entender que novas medidas contra uma ampla gama de empresas chinesas de tecnologia se seguirão. 

“Essas empresas chinesas de software que fazem negócios nos EUA, seja o TikTok ou o WeChat – e existem muitas outras… fornecem dados diretamente para o Partido 

Comunista Chinês, seu aparelho de segurança nacional”, disse Pompeo à Fox News. 

“O presidente Trump disse ‘basta’ e vamos corrigir isso, e, portanto, ele tomará medidas nos próximos dias com relação a uma ampla gama de riscos à segurança nacional representados por software conectado ao Partido Comunista Chinês”, acrescentou o secretário. 

Mas Pompeo não deu detalhes sobre o escopo dessas medidas. E o Conselho de Segurança Nacional se recusou a dar esclarecimentos. 

Ao falar especificamente sobre o TikTok, Pompeo disse que Trump estava “perto de uma solução”. 

Os EUA alegam que o fato de o TikTok pertencer à ByteDance significa que os dados de cidadãos americanos podem ser usados pelo governo chinês. Trump afirmou na sexta-feira que pretendia proibir o TikTok nos EUA. 

No acordo que estava em discussão com a Microsoft antes da intervenção de Trump, 1.500 funcionários do TikTok, sua tecnologia e a propriedade intelectual seriam transferidos para a companhia americana e a ByteDance não manteria nenhuma participação nos negócios do TikTok nos EUA. 

O “Wall Street Journal” reportou ontem que a Microsoft e a ByteDance deram uma pausa nas negociações após Trump ter se manifestado contra o acordo na sexta- feira. Segundo fontes ouvidas pelo “WSJ”, as declarações do presidente levaram o TikTok a fazer concessões adicionais, mas não está claro se isso será suficiente para mudar a posição de Trump. 

O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse ontem que o TikTok não poderia continuar a ser de propriedade da ByteDance e operar nos EUA. Mnuchin preside a Comissão sobre Investimento Estrangeiro nos EUA (CFIUS, na sigla em inglês) que está revendo a aquisição pela ByteDance da Musical.ly – a precursora do TikTok – por razões de segurança nacional. 

“O presidente pode forçar uma venda ou pode bloquear o aplicativo… e eu não vou comentar minhas discussões específicas com o presidente, mas todos concordam que o aplicativo não pode existir na forma atual”, disse Mnuchin. 

Funcionários americanos têm levantado preocupações sobre o risco de Pequim usar dados confidenciais que são coletados por empresas de tecnologia com ligações chineses contra cidadãos americanos. No início do ano, a Kunlun, proprietária chinesa do Grindr, foi obrigada a vender o popular aplicativo de namoro gay ao grupo de investidores San Vicente Acquisition, após intervenção da CFIUS. 

No mês passado, o assessor comercial da Casa Branca Peter Navarro acusou o TikTok e o aplicativo chinês WeChat de enviar dados de usuários para o Partido Comunista Chinês, que poderiam então ser usados “para chantagem e extorsão”, assim como para “guerra de informações”. 

Indagado se uma eventual venda do TikTok para uma empresa americana, como a Microsoft, seria suficiente para proteger os dados de usuários americanos, Pompeo disse que Trump “vai garantir que tudo o que for feito leve a um risco praticamente zero para o povo americano.” 

Ontem, vários senadores republicanos se manifestaram a favor de uma aquisição da empresa, e não de que seja proibida. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/08/03/eua-preparam-acao-contra-firmas-chinesas-de-tecnologia.ghtml

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